2.5.08

Apoios de milhões de euros aos desempregados pouco eficazes

Na viragem da década, o Estado gastou muitos milhões de euros em políticas de apoio à reintegração de desempregados no mercado de trabalho com efeitos quase nulos. Esta é a conclusão central de um estudo publicado recentemente pelo Banco de Portugal, onde são analisados dois programas específicos vocacionados para apoiar jovens e adultos.

Sim, lembro-me bem do que é estar desempregado. Também me lembro bem desses programas miraculosos que o Governo, através dos Centros de Emprego (CE), propõe às pessoas. Lembro-me particularmente bem de me terem "proposto" uma formação sobre Novas Tecnologias da Informação de 560 horas, em que na primeira aula se explicou o programa do curso. O sobressalto surgiu assim que a senhora ao meu lado ouviu falar em Internet e se limitou a perguntar "mas o que é isso da Internet?!". Pegou no rato e disse "mas a seta sai da televisão!". Há cerca de 5 anos.
Juntam pessoas de 20 e poucos anos, acabadas de sair da Universidade, com pessoas que desempenharam trabalhos manuais numa fábrica durante 35 anos. Não se adequam programas, não se fazem triagens para uns e outros trabalhos. É desempregado/a? Siga para o mesmo tacho, são inválidos/as e precisam de formação.
Também me lembro de querer pedir subsídios. É. Subsídios que, se a eles fosse possível recorrer em tempo útil de vida dariam apoio para criar o nosso próprio emprego. Burocracias que demoram meses a ser tratadas. Um centro de emprego que muitas vezes dificulta mais do que facilita a obtenção de emprego. "Sessões de esclarecimento" que mais não fazem do que atirar poeira para os olhos das pessoas, fazendo crer que, apenas com persistência, lá "conseguirão chegar, oh olhem para mim como exemplo".
Lembro-me bem da humilhação que se sofre nos CE, de funcionárias arrogantes que perguntavam "já fez formações? De certeza que ainda não fez nenhuma". "Já sim senhora, 7 desde que fiquei desempregado". "Já enviou CV's? aposto que ainda só enviou 3 ou 4!""Já sim senhora, cerca de 120". "Sabe fazer um CV?" "Sei sim senhora, tenho aqui alguns para ver". Entra-se num CE e somos todos diferentes, todos iguais, meta-se tudo no mesmo saco. Gastam-se milhões mal gastos? Pois gastam. Sentir, só uma coisa: que às vezes é um golpe de sorte entre o tudo e o nada. O que só torna isto mais assustador.
Em bem da verdade, as políticas do Estado, embora bem intencionadas não conseguem mais do que isto: sustentar Centros de Emprego que mais não são que meros paliativos.

1 comentário:

Anónimo disse...

E para quem tem mais de 35 anos, emprego mesmo, só se palmilharmos tudo à procura, porque no Centro de Emprego nunca têm "vagas" para colocação.

Estive 18 meses desempregada, e o emprego que tenho agora foi conseguido por procura pessoal.

Em nada fui ajudada pelos centrs de emprego.