24.10.08

Por agora chega

Não é que a escrita tenha sido pautada por grandes momentos, ou com intensidades desmesuradas. Aos bons posts sucederam-se os maus, ou vice-versa, e ainda assim estarei a ser demasiado ambicioso. Mas por agora chega. Se a coisa se retomar, é bem possível que o seja noutro lado, com outra ambição, com outro querer. As mudanças são rápidas e nem damos por elas. Quando abrimos os olhos, já eram.

Faz-me lembrar uma história minha. Quando pequeno, os meus pais deixavam-me à guarida dos meus avós durante alguns períodos das férias. Receando que eu ficasse triste por os ver ir embora, os avós levavam-me a passear nos olivais durante meia hora, período após o qual regressávamos a casa. Uma vez lá chegados, a minha reacção sobre a partida dos meus pais era:"olha, já se foram embora"*.

Demasiadas coisas se têm sucedido nestes últimos meses. Amigos e amigas que têm filhos a uma velocidade mais rápida que aquela que consigo racionalmente acompanhar (e consequentemente ir lá a casa entregar o presente), despedidas (algumas mais dolorosas que outras), mudanças no trabalho, mudanças das pessoas no trabalho, mudanças de trabalho. mais trabalhos. Quando menos esperamos, já tivemos 3 ou 4 empregos diferentes, já vivemos em 3 ou 4 países, o carro já foi assaltado duas vezes, fizemos promessas de vida, mudamos referenciais e damos connosco a reflectir. Que é necessário. Afaste-se o cenário dos trinta, que os câmbios são efectivos. Há que pensar e cortar pontas soltas. Este blog, agora, neste momento, era uma delas. Por agora é assim, gente linda e gente bonita. Até breve e obrigado.
Tchac.


*Aos viajantes de hoje, aquela vontade de chegada de um tudo que seja fantástico, bem merecido, pois. Boa viagem e lá nos vemos!


15.9.08

8.9.08

Dos suínos

Tem gelado com sabor a morango?

Não. Mas tenho com sabor a bolota.

2.9.08

Enquanto eles não recuperam


Foto: www.record.pt

28.8.08

Mais vale prevenir

Tudo não passou de uma grande injustiça para com os olímpicos portugueses. Vanessa diz que já prepara as olimpíadas de Londres para daqui a quatro anos. Nelson diz que existem novos desafios. O maior problema foi a restante comitiva ter adoptado esta postura desde o início. No fundo, todos os não medalhados se encontravam, já em Pequim, a preparar os JJOO de 2012.

Referenciais

"Eu ardia. Eu ansiava. Eu elanguescia de desejo. Amor emudecia-me. E tudo isto estava a acontecer-me no mais insípido dos locais, sob a luz brutal das lâmpadas fluorescentes de um escritório americano em fins do século XX - o último local na terra onde esperaríamos encontrar a paixão da nossa vida"

[Paul Auster, A Noite do Oráculo]

Se, como diz Paul Auster, o último lugar na terra onde esperaríamos encontrar a paixão da nossa vida é um insípido escritório americano em fins do século XX, que dizer, ou como classificar uma ocorrência idêntica num local ligeiramente diferente como, digamos, o restaurante Cantinho dos Reis, em Coimbra?

27.8.08

A midnight summer's dream

25.8.08

Não saber como estar

Sentimo-nos a mais numa certa e determinada estância balnear, quando, após demasiados sinais acumulados ao longo de várias horas não atribuíveis ao acaso cósmico, chega o momento catalisador: ouve-se atrás de nós uma conversa pautada por "você isto, você aquilo, mas você tinha o número do Tiago, ai não tinha nada, ai tinha tinha, ai desculpe lá, mas isso não é mesmo verdade, chegue a sua bicicleta para lá que está-me a empurrar, ai você hoje está mesmo a irritar-me" nas pessoas de três 3 crianças, de 10, 11 e 11 anos e pico, respectivamente. Foi aí que se pagou a conta do almoço, se foi à pensão com uma desculpa esfarrapada para não ficar outra noite e se puseram as bagages na mala do xiquinho. Ala que se faz tarde.

19.8.08

Dia Mundial da Fotografia

Venezia #1
Venezia #1

13.8.08

A China americanizada ou Chinese Britney coming up ou um pequeno toque eugenista ou ainda da série "Bem me dizia a minha mãe"

que ela não mudou de expressão nem uma vez durante a cantoria, o que era "estranho". Mesmo depois de a ter acabado. Uma boa metáfora era o Sporting ganhar a Champions com o CR7 a segurar o caneco. Bom demais para ser verdade.

12.8.08

Barómetro popular

Decorreram no passado fim-de-semana as grandiosas festas da aldeia do Castelo, freguesia de Ferreira de Aves, concelho de Sátão. Contando com a participação de variados artistas performativos de renome numa multiplicidade de áreas temáticas, como o campeão distrital da malha, o vice-campeão do pedi-tascas do Sátão e Marcos Frias & Júlia, as festas tiveram ainda a honra de contar com os/as nossos/as queridos/as emigrantes que voltaram à terra para passar, na companhia das suas famílias, as férias de Verão.
Para dar conta dessas festas, desfolhamos aqui algumas páginas que compuseram as performances dos dois nomes maiores da noite de Sábado e de Domingo, a banda INNem e a dupla Marcos Frias & Júlia.
Com uma exibição segura e eficaz, os INNem [cujo data estava incluída na (re)Animation Tour, conforme se pode constatar pelo seu site] conseguiram cativar os/as presentes praticamente desde o primeiro instante [actuações disponíveis apenas em Ervedosa do Douro, aqui e aqui]. Com um alinhamento seguro, a banda composta por Tita, Sérgio, Joca, Adelaide, Carlos, Eliano e Rafa oscilou entre a música popular portuguesa, o romantismo brasileiro, alguns temas famosos dos eighties, como "The Final Countdown" e apostaram, com um arrojo inaudito, em temas do famoso DJ Bob Sinclair, cujas batidas fortes e contagiantes levantaram poeira do campo de futebol do Castelo. Os seus três vocalistas, dois masculinos e uma feminina, impelidos pela boa disposição, demonstraram óptimas coreografias em palco, equilibradas e plenas de vivacidade e harmonia, demonstrando que o trabalho de casa, no que a este concerto concerne, foi feito. Não é de supreender que voltemos a ouvir falar deles nas festas do Sátão. O futuro a eles pertence.
Marcos Frias & Júlia: a dupla originária de Ferreira de Aves tinha, à partida, tarefa facilitada. Reconhecidos unanimemente como uma fórmula vencedora a nível regional dada a sua forte e positiva imagem, não se pode dizer que quem os visse pela primeira vez tivesse ficado cativado/a. O jovem professor de música, frequentador do conservatório até recentemente, propôs um alinhamento que, se revisto por qualquer crítico de jornal paroquial, teria lugar a condenação imediata. O dinamismo característico das suas actuações parece ter ficado na gaveta, principalmente tomando em conta que Júlia, sua companheira, não parece saber estar em palco conforme o mínimo exigível. Desilusão foi a palavra de ordem. À garagem da vizinha, original de Quim Barreiros, Marcos Frias prosseguiu com Leandro & Leonardo e Bruno & Marrone, sequência que, salvo actuações exímias, estaria condenada ao fracasso. Ainda tentou, também com Bob Sinclair, enganar o destino que lhes estava traçado, mas era tarde. As músicas românticas que empurraram a população para fora do recinto foram o canto do cisne.
Não conseguiu, portanto, enganar o destino, Marcos Frias. Seja pela indiferença com que tratou o público, ao não definir uma estratégia de alto nível para o concerto, seja pela sua companheira, que abandonava o palco ao sabor da maré [algo inadmissível em concertos musicais], apenas muito trabalho poderá conseguir manter este jovem casal nas agendas musicais estivais daquela região.

Incompatibilidades

Surge algum desconforto em conjugar a morte com uma nova vida assim de enfiada, no mesmo dia. Ou, se não nova, jovem. Por isso é que esperei por hoje, e não foi ontem. E cinco anos é juventude ainda fresca, preparada para (quase tudo) o que há-de vir. Neste caso, específico, diga-se, esses cinco anos já contemplaram muita morte, estetizada, muita vida, nova, e muito de tudo o resto que medeia entre a vida, e a morte, lá está. São cinco anos de daedalus. Mais se espera.

11.8.08

Epitáfio

Isaac Hayes decidiu deixar-nos no dia de ontem. Nome maior do movimento Blaxploitation, atingiu a consagração com o tema da banda sonora de Shaft tendo vencido um Óscar, o primeiro alguma vez conquistado por um afro-americano não-actor. Existem três sequelas , uma delas mais recente com o Samuel L. Jackson, que não chega nem aos calcanhares do original. Era também, para a esmagadora maioria dos telespectadores da Sic Radical, a voz do Chef, de South Park.
Esta música que aqui vos deixo, é "a tal" que de há oito anos para cá que se tornou lá em casa a referência dos momentos cool. Não a querendo dissecar e, consequentemente, estragar toda a envolvência do tema, é apenas e só disfrutar. Long live Shaft. R.I.P. Isaac Lee Hayes, Jr.


10.7.08

Stringiti a me

Stringiti a me, abbandonati a me, sicura.
Io non ti mancherò e tu non mi mancherai.
Troveremo, troveremo la verità segreta
su cui il nostro amore potrà riposare per sempre,
immutabile.
Non ti chiudere a me, non soffrire sola,
non nascondermi il tuo tormento!
Parlami, quando il cuore ti si gonfia di pena.
Lasciami sperare che io potrei consolarti.
Nulla sia taciuto fra noi e nulla sia celato.
Oso ricordarti un patto che tu medesima hai posto.
Parlami e ti risponderò sempre senza mentire.
Lascia che io ti aiuti, poiché da te mi viene tanto bene!

Gabriele D'Annunzio

7.7.08

De consciência tranquila

Falávamos há poucos dias do charme da decadência, do encanto de quem parece já não ter nada para oferecer além do óbvio, a perdição e a repulsa atraente. Concordei. Mas isto, meus senhores, isto é demais. Não é com certeza por mim que ainda cá andam.

5.7.08

A equipa titular do Euro, se isto cá no burgo fosse como devia ser:

GR - Casillas (Quim)
DD - Bosingwa (Sérgio Ramos)
DE - Capdevilla (? Problema Ibérico, so it seems)
DC - Pepe (Bruno Alves)
DC - Ricardo Carvalho (Puyol)
MD - Cristiano Ronaldo (Um outro qualquer que não o Simão)
ME - Quaresma (Nani)
MC - Xavi (Moutinho)
MC - Deco (Hombre, que difícil, no? Iniesta, quiçá)
PL - Villa (Um espanhol qualquer)
PL - Torres (Um espanhol qualquer)

Help me if you can

Para questões de esclarecimento: os que votaram contra são os mesmos que não condenam a China pela ocupação do Tibete, não são?

Saber estar

Encontrar uma pestana no prato recém-chegado num restaurante de centro comercial, colocá-la cuidadosamente entre o polegar e o indicador e dizer ao waiter, com todos os cuidados, peça um desejo.

4.6.08

30.5.08

Incrível é isto

A Ana e o Eduardo e o Pacheco e seja lá quem for só estão a perder uma piquena alínea: tão ou mais previsível que o maremoto mediático que se vive à volta da Selecção Nacional era virem inevitavelmente associadas as tradicionais críticas a tal fenómeno gerado pelo "povão". A saber: também não me interessa a dieta dos jogadores, o que gostam mais de ler logo pela manhã (as hipóteses, de qualquer maneira, não serão muitas - Record, A Bola, O Jogo), o que fazem nos tempos livres, o que não fazem nos tempos livres, o que vestem, que número calçam. Mas daí a começar com a sistemática conversa do "acicatar do entusiasmo popular e do patriotismo bacoco" já é, de um certo ponto de vista, perda de tempo.
Os/as illuminati que por aí andam, a reboque das noções de "este país não sabe nada, não aprende e afins" esquecem-se, entre outros pormenores, que este é um fenómeno global e diria mais, europeu, até. Inclusivamente em países evoluídos como a França, a Espanha, a Suécia (que, a propósito dos/as fãs da superioridade intelectual e social dos nórdicos, fiquem desde já sabendo que o grande evento anual deles é o Eurofestival da Canção cuja música vos deixo em epígrafe), a Alemanha e os outros todos que estão lá.
E portanto, goste-se ou não de Scolari, goste-se ou não do destaque dado à Selecção, três coisas neste momento são certas: uma é que à primeira vitória da Selecção estarei, como tem sido costume nos últimos eventos desportivos, com o meu barrete, cachecol e techerte na Praça da República acenando vigorosamente aos veículos que passam. Pode ser que esteja lá outra vez o pessoal da carrinha com a imagem da Nossa Senhora no capot. Dois, que quem não quiser ver tem, como eu tenho, a hipótese de mudar de canal. O facto é comprovável por viver em Portugal e, à excepção dos jornais desportivos online que leio com fervoroso deleite, não ver mais nada que se relacione com a selecção há mais de 3 dias. Três, para deixar aqui um xeque-mate às pseudo-intelectualidades desconhecedoras da possibilidade cósmico-neonizada de conhecimento e bola se poderem coadunar, deixar tão só o dito que o Derrida, antes de ser "0" Derrida, queria ser jogador da bola.
Tenho dito. Força Portugal.


9.5.08

Manual do bom conservador

Insultar a mulher de um amigo e pedir-lhe desculpa a ele.

2.5.08

A tua

É bem verdade, como diz o Francisco, que já não é a mesma coisa. E não. Muito se perdeu com o passar dos anos, naquele tempo é que era, o espírito era outro. Mas já deves ter ouvido tudo isso. Vou tentar, dentro do que me é permitido, não me lembrar de tudo o que é negativo e já não faz parte desta festa, que foi outrora bela, meaningful. Apesar de tudo o que te tenho dito, e do que já me ouviste dizer, para mim, este ano, não tem importância tudo o que não há de bom. Por uma única razão: é a tua queima. Muitos parabéns Andreia Paulinha.

Quem é amigo?

Apoios de milhões de euros aos desempregados pouco eficazes

Na viragem da década, o Estado gastou muitos milhões de euros em políticas de apoio à reintegração de desempregados no mercado de trabalho com efeitos quase nulos. Esta é a conclusão central de um estudo publicado recentemente pelo Banco de Portugal, onde são analisados dois programas específicos vocacionados para apoiar jovens e adultos.

Sim, lembro-me bem do que é estar desempregado. Também me lembro bem desses programas miraculosos que o Governo, através dos Centros de Emprego (CE), propõe às pessoas. Lembro-me particularmente bem de me terem "proposto" uma formação sobre Novas Tecnologias da Informação de 560 horas, em que na primeira aula se explicou o programa do curso. O sobressalto surgiu assim que a senhora ao meu lado ouviu falar em Internet e se limitou a perguntar "mas o que é isso da Internet?!". Pegou no rato e disse "mas a seta sai da televisão!". Há cerca de 5 anos.
Juntam pessoas de 20 e poucos anos, acabadas de sair da Universidade, com pessoas que desempenharam trabalhos manuais numa fábrica durante 35 anos. Não se adequam programas, não se fazem triagens para uns e outros trabalhos. É desempregado/a? Siga para o mesmo tacho, são inválidos/as e precisam de formação.
Também me lembro de querer pedir subsídios. É. Subsídios que, se a eles fosse possível recorrer em tempo útil de vida dariam apoio para criar o nosso próprio emprego. Burocracias que demoram meses a ser tratadas. Um centro de emprego que muitas vezes dificulta mais do que facilita a obtenção de emprego. "Sessões de esclarecimento" que mais não fazem do que atirar poeira para os olhos das pessoas, fazendo crer que, apenas com persistência, lá "conseguirão chegar, oh olhem para mim como exemplo".
Lembro-me bem da humilhação que se sofre nos CE, de funcionárias arrogantes que perguntavam "já fez formações? De certeza que ainda não fez nenhuma". "Já sim senhora, 7 desde que fiquei desempregado". "Já enviou CV's? aposto que ainda só enviou 3 ou 4!""Já sim senhora, cerca de 120". "Sabe fazer um CV?" "Sei sim senhora, tenho aqui alguns para ver". Entra-se num CE e somos todos diferentes, todos iguais, meta-se tudo no mesmo saco. Gastam-se milhões mal gastos? Pois gastam. Sentir, só uma coisa: que às vezes é um golpe de sorte entre o tudo e o nada. O que só torna isto mais assustador.
Em bem da verdade, as políticas do Estado, embora bem intencionadas não conseguem mais do que isto: sustentar Centros de Emprego que mais não são que meros paliativos.

29.4.08

A preceito

A diferença é engraçada até ao ponto em que sou destituído da vida normativa.

26.4.08

A campanha do terror

A um domingo, almoçar à uma, impreterivelmente, sendo acordado às 12h30 com mãe vociferando "Olha que o carapau já está a grelhar!".

24.4.08

Ainda sobre o Nick

Dizer que a última vez que senti algo verdadeiramente ultrajante foi na Box do Jumbo, no Chibita, como já ouvi chamarem-lhe, e ver o Nocturama, do Nick, coladinho a um do Tony Carreira, num amontoado de álbuns em escandalosa rebaixa.

23.4.08

Oxímoros pela manhã

Ver o arrumador, dentro de um carro, a pedir ajuda a um transeunte para estacionar o mesmo.

22.4.08

A nossa sorte

Há pessoas assim. Ora nos deixam num estado de euforia inebriante que parece não ter fim, esticando as nossas reservas até ao limite (acho que a palavra poderá ser esfuziante), provocando-nos repetidamente um desejo de libertar a adrenalina toda de uma vez para a corrente sanguínea e, consequentemente, arrancar as roupas e começar a correr nu que nem um perdido para lado nenhum e ver cenários devastadores, brutais assassinatos romantizados. Ou nos trazem carradas de melancolia, dor, nostalgia, religião, credo, morte e um desejo mórbido, esquisito e, depois, repelente, que não acreditávamos estar em nós. Esta pessoa em particular, o Nick, como gosto de o chamar de há longa data (há já 15 anos), provoca-me isso, e muito mais. Vale sempre a pena, o sacana. Por demais. Volta depressa Nick, volta depressa.



E aquele bigodinho meninas e meninos, aquele bigodinho!

21.4.08

Melhor metade

Recomeçar, uma e outra vez. Sentir o fim e voltar de novo ao início. Não te vou enganar, é isso mesmo. Sentir que é o fim e voltar sempre, sempre, ao início. É acreditar que essa é mesmo a única maneira de não acabar, o eterno retorno aos inícios, ao princípio de tudo. Diferentes, pois. É que sempre que te quis não te tive. É diferente, agora. Nada foi, tudo é, com vento pela frente, bem como gostamos. Sentimo-nos. Sem chuva, nublado, agradável. Não me interessa. Interessas-me tu, a minha melhor metade. E essa, quero-a sempre comigo. Sempre.

10.4.08

O choque de uma sociedade

É racional pôr um país em histeria por uma aluna ter levado um "calduço" de um colega na escola só porque foi filmado? Na minha escola, e suponho que por todas as outras por esse país fora, entre outros rituais bem mais sinistros intra e intersexuais, levavam-se os rapazes "ao poste". "Levar ao poste" era, como diz o meu primo, e com razão, uma judiaria. Daquelas "à séria". Era uma prática que consistia em meia dúzia de jovens adolescentes pegarem num, abrir-lhe as pernas contra a sua vontade expressa ou não, porque isso não interessava nada, e, conforme a própria definição, empurrá-lo com toda a violência contra um poste. Não sei quais terão sido os efeitos desses actos na vida sexual e reprodutiva de alguns dos meus amigos e colegas (consegui fugir de todas as investidas) mas, agora que penso nisso, só me consigo lamentar por ainda não existirem telemóveis com câmara na altura.

Hoje


Foto: http://www.gvengenharia.pt/images/estadio_sporting.jpg

Trabalha-se, corrigindo, preenchendo, substituindo, escrevendo. Hoje não se almoça. Hoje, também, leva-se um impermeável, uma camisola verde-e-branca, um cachecol, leão ao peito, uma fé do caraças e ala com o menino para Alvalade, em romaria, acompanhado de umas minis e pataniscas, esperando que o Levezinho, ou outro qualquer, na verdade, faça das suas. Nem que seja o Paulinho. Naquele rectângulo verde, ali em cima. Levam-se as meias verdes com os losangos calçadas. Que sirvam de inspiração para o modelo táctico, que eu, pessoalmente, já não posso com ele. Hoje, leva-se uma tarja com os dizeres "Paulo Bento, dá-me o teu penteado". Pode ser que a coisa, exibida por um gajo semi-careca, tenha piada, e eles (nós) marquem alguns para a continuação da boa disposição. Pelo menos um a mais que os outros, é quanto chega. Mas, brincadeiras e jogo à parte, é importante que não veja o meu desejo do penteado correspondido. Força Sporting, sempre contigo.

8.4.08

Choque tecnológico

Ainda hoje, quando passam na TV, no rádio ou até numa discoteca, as músicas que, gravadas nas minhas cassetes, ocupavam o estado liminar entre o lado A e o lado B, fico à espera daquela pausa que indicava ser altura para ir rapidamente ao deck mudar de lado.

1.4.08

Ausência #1

Ausência #1

Foto: Carlos Barradas. Clicar para aumentar.

31.3.08

As minhas desculpas pela prolongada ausência

Este blog volta ao activo dentro de 24 horas.

P'la gerência

10.3.08

Devem estar a preparar alguma

Nunca roubei dinheiro da carteira dos meus pais e sempre lhes disse a verdade, custasse o que custasse, a mim ou a eles. Era eu pequenito, prestes a incorrer talvez no primeiríssimo acto ilegal da minha vida, e liguei à minha mãe avisando-a do facto: "Mãe, não vou estar em casa porque vou roubar fruta com os meus amigos". Apesar da indignação dela (toldado por um riso que me deixava estupefacto e que só mais tarde vim a aperceber ser de zombaria pura e dura pelo aviso), fi-lo. Ora, normalmente estas atitudes eram precedidas de bons comportamentos. Tinha feito a cama de manhã, arrumado a roupa no armário ou algo assim do género.


Isto traz-nos a declarações surpreendentes que nos foram presenteadas por nomes sonantes do PSD. Primeiro, um Luís Filipe Menezes sincero a dizer que o PSD ainda não merece ser Governo. Depois Rui Rio, com uma honestidade incorruptível (concorde-se ou não com os ideais, tenho conhecimento real de que é, efectivamente, uma pessoa honesta) afirmando que as alterações aos regulamentos do PSD "abrem porta à lavagem de dinheiro". Agora, António Capucho que ameaça demitir-se da concelhia do PSD de Cascais por recusar "ser presidente com uma caixa registadora ao lado para receber as quotas dos militantes", e já Marcelo Rebelo de Sousa e Pacheco Pereira tinham criticado os novos regulamentos do partido. Santana Lopes, claro, no alto da sua sabedoria, desvaloriza tudo isso. Afinal quem são esses meninos?

Ora, eu cá não sei se algum deles vai roubar fruta, e sou impelido a pensar que nenhum me vai ligar a avisar, mas que alguém está a preparar alguma, disso já não tenho dúvidas. Não existem comportamentos assim tão ilustres na política.

Só estou a perguntar

Os pêlos grisalhos que crescem dentro do nariz também contam para o charme?

6.3.08

Das modas

João Morcela, querendo comprovar a velha escola a que seu pai pertencia, referia amiúde que aquele tinha parado no tempo aquando da ocasião do festejo do 20º aniversário. Hoje em dia não é, no entanto, algo de necessariamente negativo. É que o retro está na moda.

5.3.08

Isto hoje dá para tudo

Pacheco Pereira director do Público no dia em que comemora o 18º aniversário. O jornal, digo. (Ao atingir-se a maioridade deveria ter-se direito a um pouco mais de dignidade. Como eu, por exemplo, em que no primeiro dia das minhas 18 Primaveras enfiei-me logo no bingo da Briosa com o BI em punho)
Um Luís Filipe Menezes parcialmente sincero: "PSD ainda não merece ser Governo, PS já não merece".

Ah, a saudade, esse nobre sentimento

O João Morcela, em conversa com um amigo, confidencia-lhe: "já não vejo o Luís há tanto tempo, com certeza há mais de 7 ou 8 anos. Gostava de o ver. Havia de lhe ligar, mas também, quem é que o mandou ser 91?"

4.3.08

Duas ou mais semanas seguidas ao Porto? Seja.

Depois de já tanto ter ouvido falar nas belas conferências desta senhora, é chegada a hora de atestar a veracidade da coisa. E Baumann. Logo de caminho. Critique-se o contemporâneo. Apontando na agenda, claro.

Ao largo #4

Ontem, em Coimbra, esteve Ricardo Araújo Pereira a apresentar o seu "Boca do Inferno" a convite da iniciativa Os Livros Ardem Mal. O que surpreendeu muita gente. Nomeadamente quatro rapazinhos que, assim que se aperceberam que aquilo não era nenhum espectáculo ou sketch dos Gato Fedorento, se apressaram a descer as escadas e voltar para a rua largando impropérios: "Mas saí eu de casa para esta merda? Livros?! Mais valia ter continuado o meu Call of Duty 4!"

29.2.08

Simone


Fotografia: www.macua.org/biografias/images/simoneol.jpg

Embevecido e arrepiado. A entrevista de Simone de Oliveira ontem à noite na Grande Entrevista foi um pico nos momentos de televisão que vi em tempos recentes (Dos poucos, também, mas isso não retira qualquer mérito). A indiferença, talvez por a ver há tantos anos nestas lides, trouxe o desconhecimento de muitas facetas da vida da artista. É uma dessas cantoras decrépitas apaparicadas pela comunicação social, pensava eu. Quão enganado estive este tempo todo. Mea culpa.

A verdade é que (não sabia mesmo) Simone tinha um vozeirão. E é uma mulher, uma grande mulher. Daquelas que dão presença, alma, e um arrepio na espinha. Uma presença magnífica. Uma senhora presença. Uma mentalidade progressista. A doença. O marido. A vida. A homenagem aos/às desconhecidos/as. As novelas. O aventar ali, em frente à Judite, de um conjunto de pressupostos e realidades acerca do país e das pessoas que nele vivem. Simone teve ainda tempo para romper com os paninhos quentes e atacar quem é contra a utilização do preservativo nos tempos em que vivemos (Apenas interrompida pela Judite). Simone deu cartas em vinte minutos, meia hora, quarenta, não faço ideia. Também não quero saber. Precisam-se de mais Simones em Portugal. Não. Portugal precisa de mais Simones.

Simone prestou ontem uma homenagem a quem sofre ou sofreu de cancro, aos pequenos nadas que se perdem com a morte de alguém próximo, a quem canta, a toda uma sociedade mas, acima de tudo, ontem Simone de Oliveira prestou homenagem a todas as mulheres. Um hino. Aplaudo de pé.

27.2.08

Depende do caudal

Acho que podemos estar relativamente descansados quanto ao decrescimento da economia na UE desde que se consiga continuar a passar multas à Microsoft.

Saber curvar ao belo



Ser, estar, querer ser diferente, querer estar diferente, fazer, não fazer por isso. Sentir assim. Tão só assim. Diferente.

Thinking of a world and the light of the sun
And all the many lives that were ever begun,
Ever begun.

Our little world turning in the blue
As each day goes there's another one new,
Another one new.

How many people will we feed today,
How many lips will we kiss today,
If we wake up?

How many worlds will we ever see,
And how people can we ever be,
If we wake up?

Thinking of a world in the light of the sun
And all the many lives that were ever begun,
Ever begun.

25.2.08

Do determinismo biológico ao fim do preconceito



E o SP, ali ao cantinho?

21.2.08

Nivea Lift ou da textura da roda

Entre outros pormenores, compreendemos que estamos a ficar velhos quando temos que fazer no registo de qualquer site um scroll extra para chegar ao nosso ano de nascimento.

Impossibilidade

Algumas palavras saem sempre melhor cantadas. Poderia estar horas a dizer-te algumas delas, mas não me soam bem, não me saem bem. É que não sei cantar. Adiciona-se a melodia ao sentido, força-se a maior densidade, ao melhor toque, pode ser que resulte. Posso dizer-te milhentas vezes como me senti ao escutar o violino na praia, numa noite de S. João (ou St. Joan, como dizem lá), e de como ao falar, ao pensar alto, em ti, a voz já não parecia tão fora de mim, estranha e descontextualizada. Mas garanto-te que pensei, no "nós". Garanto-te que passaste entre aquele ar frio, húmido, umas cordas já desfiadas, grãos de areia em tudo quanto é lado e umas cervejas bem aconchegadas. Lembro-me também que me cortei ao tirar umas azeitonas com anchovas da lata. Podia enganar-te, a bem da beleza da história, e dizer que havia uma fogueira, crepitante (palavra que adoro, bem sabes), e uns petiscos a assar. Não, não houve fogueira nenhuma, nem petisco. Nem muito bem-estar, na verdade, para além da música e das palavras, que já não saíam tão duras e agrestes. É que estava um frio do caralho. Ainda assim, pensei em ti, o tempo todo. Juro.

10 Pocket

Como dizer? O João Morcela é daquele tipo de pessoas que só põe os óculos de sol dentro de casa para tirar fotografias e as meter no Hi5.

Teatro de intervenção

Apresentou-se-me de câmara na mão, roupão e naperon na cabeça. Abraço afagante, a peça, que parecia ter sido suspendida enquanto tocou a sineta para abrir a porta, continuou. Com outra no meio. É sempre assim. Tantas peças, os mesmos actores. Parece que é a mesma companhia que as produz. O palco, sempre improvisado. Lembro-me: é sempre mais difícil representar para quem conhecemos e nos conhece bem que para desconhecidos, e desconhecidas. Não é o caso. O cravo, saído de umas Creative SoundBlaster, estava entregue a mãos divinas, e a um leitor de MP3, dos bons. Que por acaso está na minha posse. Não havia ninguém a dar palmadas e a corrigir a postura, apenas a descorrigi-la. À grande. Mas isso também não interessa nada. Importantes fomos nós, e o William, e o Jacques. O resto são favas contadas, ou melhor, narradas.

Viagens

O couch surfing é um conceito óptimo . Arriscas-te é sempre a que te roubem alguma coisa. A carteira, o relógio, ou um órgão, por exemplo.

11.2.08

See ya around, old chap

Agastado, espalha, dentro do possível, as últimas gotas de tinta disponíveis. Por ali passaram nobres palavras, imagens cinzentas, escritos de ciência. Resta pouco. Um ou outro diapositivo, um ou outro artigo de jornal, uma mensagem. Fico sempre nostálgico cada vez que troco de toner.

9.2.08

Com selo de qualidade made in Coimbra

8.2.08

O sentido dos mundos

Diz Henrique Burnay, no 31daarmada, que,

Com certeza que, das duas uma: ou Henrique Burnay não vive no Alentejo e está a mandar bitaites sobre uma realidade que desconhece profundamente, por lá passando de quando em vez, dentro do veículo olhando de cima para baixo essas aldeias perdidas, ou, vivendo no Alentejo, não se apercebe da miséria económica e cultural em que está aquela região. E de facto parece-me até que em nenhuma destas duas opções Henrique Burnay teria razão. Mas detentor de uma sapiência alentejana que me permite alvitrar dois ou três apontamentos sobre o quotidiano daquelas (que são as minhas) gentes, digo:
É de mau tom fundamentar uma incompreensão e birrinha pessoal "ao amor do Estado pela saúde" porque não se pode sacar do cigarro num café utilizando como experimento para observação uma amostra dos homens alentejanos a fumar e a beber minis e suas mulheres em casa - ou na cozinha -. Pobres dos homens alentejanos? Não. Pobres daqueles que, em altivez, não conseguem, não querem, não podem ver o que é que por ali vai. Mas eu digo o que por ali vai:
Vai uma região com o maior índice de suicídios per capita do país;
Vai uma região onde os miúdos (não são só alguns, são todos) fumam e bebem desmesuradamente, sendo que alguns deles com 21 ou 22 anos parecem ter quase 30;
Vai uma região onde não existem empregos para lá do campo ou "das vendas";
Vai uma região onde existe um índice inaceitável de analfabetismo num país, europeu, extra-europeu, seja de onde for, you name it.
A tentativa de romantizar os velhos, tristes, calados, sentandos nos seus banquinhos, só porque os fizeram ir fumar para a rua, não podia ser mais desajustada. Primeiro, porque um alentejano nunca se separa da sua mini. Segundo, porque nesses sítios a vida, tão mais difícil, é também tão mais simples. Terceiro, porque romantizar é, no geral, querer aniquilar qualquer pensamento crítico e de mudança. É a mesma coisa que ir à Índia, ver vacas no meio da rua, pedintes por todo o lado e dizer "coitadinhos", sabendo, no âmago, que não é por vontade delas que acordam com bostas à porta de casa. Fosse o cigarro no café o maior problema.
Por fim, dizer que a mim, não fumador activo, desde 1978 até ao início deste ano, nunca ninguém me tinha perguntado se havia ou não problema em ir a um café e ficar com os pulmões, e já agora, a roupa, impregnados de tabaco queimado. Lamento profundamente, isso sim, que se tenha criado uma lei com tantas excepções que, ao fim e ao cabo, está a levar à reimplantação dos fumos em todo e qualquer local de restauração. Não se faz nada a sério, por cá.

28.1.08

Chamamentos (ou da inverdade na ficção)

Custa a acreditar. Nas séries de terror, os fantasmas, as almas, os não-vivos, enfim, são sempre chamados por uma qualquer prece em latim, Omnimus sirigaitis etcaetera et pluribus unum primus inter pares in nomine caesaris, e mais minuto menos minuto, lá estão eles a responder, invariavelmente, ao chamamento. Armados até aos dentes, ou apenas com um mau feitio muito grande, já se sabe que alguém vai morrer afogado, com uma enxada na cabeça ou com os pauzinhos do chinês enfiados pelas narinas acima. Contudo, creio haver aqui dois contra-sensos básicos:

Por um lado, se eu tivesse que chamar um fantasma a partir de um livro escrito em latim, com certeza que haveria falta de comparência, obviamente penalizada com três pontos negativos, pois a minha leitura do mesmo seria tão risível e incompreensível que as alminhas re-morriam a rir em vez de vir matar alguém. O que, claro, nos traz à questão: porque é que respondem sempre aos amaricanos, que quando os ouvimos a falar parecem uns leitõezinhos simpáticos a grunhir enquanto têm vitaminas para desfazer por baixo da língua?

Por outro, pergunto: será que têm mesmo que responder sempre à convocatória do seleccionador? Para assassinar, na esmagadora maioria dos casos? Não podem eles ficar descansadinhos, na sua meia-vida? A fazer tricot, jogar damas, qualquer coisa do género? Pede-se um pouco de respeito pela liberdade de opinião e comportamento de qualquer género de entidade. Até parece. Quando me chamam para ir comer a sopa, em português bem explícito, isso não quer dizer que eu vá logo feito cachorrinho já com a colher na mão, pois não?

Deve ser com Fairy Ultra

Pode não saber o que está a perder, mas para quem este trabalho é "tão pesaroso como lavar copos ressequidos com mokambo", não se porta nada mal.

25.1.08

Perspectivas

Não sou incompreensível. Sou, isso sim, incompreendido.

Bom dia

24.1.08

80%
Jovem, adulto, jovem adulto, meia-idade ou sénior (que hoje em dia não se pode dizer idoso, é sénior. Muda-se a palavra, a atitude com a velhice permanece a mesma, i.e., uma merda), permite-me o tratamento familiar: se gostas de emoção, cultura, novidade, novidade na cultura, e precisas de mudar de ares, NÃO venhas viver para Coimbra. Vai para Estarreja que tem uma política cultural de maior visibilidade a nível nacional. No entanto, se, por qualquer infelicidade, acabares por te arrastar até à Lusa Atenas, ou mesmo se nada tens que te relacione a esta, subscreve, num acto de cidadania pura, este texto para acabar com a letargia vigente da cultura na CMC.
p.s. 80% é a percentagem de redução do orçamento dedicada à cultura na CMC de 2004 até hoje.

22.1.08

Não dá para perceber*

No final do jogo do Porto para a taça o Quaresma atira contra tudo e todos, manifestando o seu desagrado quanto aos assobios, aventando ainda a hipótese de "no fim da época já não vão ter que assobiar. Vamos de férias".
O adepto sportinguista, talvez até o benfiquista, pensam, esfregando as mãos de contentes: "porreiro pá (sem referências ao abraço), o gajo vai-se embora."
Mas o que o adepto sportinguista e benfiquista se esquecem é que aquilo não é o Sporting nem o Benfica. É o Porto. E no Porto não se brinca. O Quaresma desagradado? Não pode ser. Renove-se-lhe o contrato e adquira-se o resto do passe. And that's that.
*Na verdade, dá. Perfeitamente.

Forget about tonight. Forget it. (Jimmy Conway (Robert de Niro) em Goodfellas, realizado por Martin Scorcese)

Na cena em questão, um jogo de póquer among goodfellas, Jimmy Conway diz a Henry Hill (Ray Liotta), em surdina, para esquecer o plano que tinham orquestrado para essa noite, o assassínio de Morrie Kessler (Chuck Low). Faz pensar o monólogo que se segue, no qual Henry reflecte acerca da vida de Morrie, dizendo que este nem fazia ideia de que a sua morte esteve por um fio, por uma palavra, e aquele, ali, alegre e inocentemente, jogando às cartas.
A analogia é simples. Deveríamo-nos preocupar mais com aquilo que desconhecemos que com o que está no nosso conhecimento, tomado como certo e, qual extrapolação idiota, no nosso controlo. É assustador tentar compreender o incompreensível. Aquilo que não depende da nossa vontade.
p.s. um pequeno aparte. Morrie acabou mesmo por ser assassinado nessa noite.

21.1.08

"Então e porque é que não se proíbem as lareiras?" Fátima Campos Ferreira no Prós e Contras acerca da lei do tabaco

O José Sá Fernandes não está a ser demagógico. Não. Não. Não. O José Sá Fernandes é fumador. O José Sá Fernandes não sabe a fórmula do monóxido de carbono. O José Sá Fernandes não faz ideia sobre o que está a falar. O José Sá Fernandes é mal-educado. A senhora que está sentada ao lado do José Sá Fernandes não é demagógica. Não. Não. Não. A senhora que está sentada ao lado do José Sá Fernandes não dá uma para a caixa.

Poupem-me.

Ainda por cima estou a ficar mesmo irritado com isto.

O Francisco George é um senhor. Sabe muito.

A senhora parece que se chama Fátima Bonifácio e, a meio da segunda parte, acabou de dizer que já não lhe apetece discutir mais pois já expôs a sua posição. E recuperou a história das lareiras da Fátima Campos Ferreira.

16.1.08

Eppure si muove

"Tinham já chegado a tal ponto que, se alguém se detinha a escutar os seus projectos sem se rir, em vez de ficarem contentes, lançavam-lhe olhares de esguelha, não de desconfiança, mas de ódio. Porque o escárnio dos outros tornara-se o ar que o seu sonho respirava. Se lhes faltava o escárnio, corriam o risco de sufocar"

[Luigi Pirandello, Um, Ninguém e Cem Mil, p. 74]

12.1.08

Não é suposto ser assim

Entre um café e um cigarro, lá fora, como é óbvio, converso com um amigo acerca da (de difícil compreensão) durabilidade saudável de Manoel de Oliveira e de como aos 99 anos acabou de lançar outro filme. Contudo, o que me abalou mais foi ouvi-lo, à conversa com o Carlos Vaz Marques na TSF, assegurar que tinha outros projectos na cabeça.

11.1.08

Oh mon Dieu, c'est magnifique


Imagem: http://www.webboom.pt/ficha.asp?id=167270

Surgiu-me inesperadamente o nome de P. G. Wodehouse na “Avenida Paulista”, de João Pereira Coutinho. Por ocasião da época natalícia, propôs-se-me oferendar um exemplar a um amigo, dada a fonte segura da referência. Aproveitei para deitar os olhos nas linhas que o compunham. Surpresa e assombro. “Bom dia, Jeeves. Bom dia, senhor. Esta resposta surpreendeu-me. É, de facto, ainda manhã? É, sim, senhor.” O personagem principal apresenta-se-nos com uma ressaca monumental, divina e comicamente caracterizada. A cadeira oscilou, a expressão abriu qual flor na Primavera, e por ali adiante prossegui. Sem contemplações, sem dificuldades, fácil, é tão fácil. É riso, é gargalhadas, muitas, de todo e qualquer género. O Humor, fino, refinado, delicado, apropriado (nem sempre o melhor humor é o apropriado, e vice-versa), sinérgico à dinâmica absorvente. As metáforas, deliciosamente inescapáveis, muito à frente do seu e do nosso tempo. Com “Bertie” Wooster e Jeeves, o seu mordomo, companheiro de todas as horas, título honorífico “braço direito”, tudo é inesperadamente simples, delicioso, cúmplice.

Deste último, dizer que é detentor de uma retórica e educação irrepreensíveis, classe inigualável, imemorial, adequado, subtil, eloquente, ocasionalmente genial. A frase certa na altura certa, a citação apropriada à situação. Procura o engrandecimento cultural do seu amo que dá pelo nome de Wooster, Bertram. Este, dandy, classe média-alta, apreciador dos pequenos grandes prazeres da vida, capaz de se submeter aos maiores reptos para aceder a uma excelente e gratuita refeição, de fracas leituras mas altos valores morais (dependendo do ponto de vista), atribuía a frase “Eureka” a Shakespeare. Basta dizer que persegue, ao longo da narrativa, uma nateira de prata em forma de vaca para que não se perca o magnífico cozinheiro da casa de sua tia. Um universo aristocrático, normalmente associado a um certo cinzentismo e languidez, no qual Wodehouse foi capaz de depositar as maiores comédias.

Creio ser esta a primeira vez que escrevo sobre um livro não relacionado com trabalho. Acabei-o há pouco e já estremeço por não ter uma outra história de “Bertie” ou Jeeves disponível por perto. A Amazon já se afigura, todavia, como âncora a breve trecho. À deles!

“-Jeeves!

-Senhor?

-Mais brandy!

-Muito bem, senhor.

-E acaba lá com isso de o servir em cálices pequenos como se fosse rádio. Traz o casco.”

8.1.08

Qual quê amigo, não há problema nenhum

Tenho algumas dificuldades em entender como é que o Armando Vara consegue manter dois lugares de gestão, um num banco público e outro no privado (CGD e BCP, bancos concorrentes) quando eu nem posso passar um recibo verde para ganhar 300€ a mais.
Uma pequena atençãozinha também para o pagamento, em suaves prestações mensais e durante 14 meses, de 9 euros decorrentes dos acertos a algumas pensões. Que felizes devem ter ficado os velhotes.

6.1.08

Dakar

A suprema ironia é que aquele anúncio da Galp em que Carlos Sousa e seu co-piloto galgam umas dunas a pé acabou por não ficar assim tão distante da realidade.

4.1.08

Resoluções de Ano Novo #2

Começar a escrever a sério num blog. Ou começar a escrever num blog a sério.

Resoluções de Ano Novo

Refilar. Refilar. Refilar muito com quem normalmente ninguém refila. Em dois dias pedi duas vezes a rescisão de contrato com a Netcabo. Nesta sequência, consegui uma mensalidade totalmente gratuita do telefone com chamadas grátis para todas as redes fixas (para a mãe ligar aos avós) e ainda um desconto de 8,5€ na factura da Net. Isto para além do já antigo desconto de 5€ no pacote clássico.

O próximo passo é tentar rescindir com a TMN. Desejem-me sorte.