29.6.07

Tininho, meninos e meninas, tininho...

Em mais uma das minhas ultimamente frequentes incursões pela Loja do Cidadão, sou deparado com uma funcionária pública que, quando confrontada com as perguntas que lhe coloquei, um pouco desconexas e desconhecedoras (para não dizer analfabetas) sobre esse fenómeno que são os recibos verdes, responde do seguinte modo:

"tenha calma, que nós agora não podemos falar demais. Diga lá o que deseja (sempre muito atenciosa e laboriosa, verdade seja dita), eu digo-lhe o que tem que fazer e não falamos para além disto. É que com o que tem vindo a acontecer, nunca se sabe onde estão os ouvidos deles. Já viu o caso dos outros dois? Parece que voltámos ao passado."

Ainda quero acreditar que tudo está bem, que são retratos normais de um Estado de Direito, democrático, com as liberdades de expressão associadas e todo o resto. Mas no preciso dia em que sai uma notícia destas:"Directora de centro de saúde demitida por não retirar cartaz "jocoso" sobre Correia de Campos", eu estar a ler isto:

"Para o dizermos por outras palavras ainda: em todo o verdadeiro fascismo, encontramos sempre elementos que nos fazem dizer que "não se trata ainda de um fascismo total, que existem nele elementos contraditórios provenientes de tradições de esquerda ou do liberalismo"; todavia, este afastamento, esta distância diante do fantasma do "puro" fascismo é o fascismo propriamente dito. O "fascismo", tanto na sua ideologia como na sua prática, não é mais do que um certo princípio formal de distorção do antagonismo social, levando ao desdobrar-se de uma certa lógica do seu deslocamento através de uma combinação e de uma condensação de atitudes contraditórias." [Slavoj Žižek. 2004 (2006). Elogio da Intolerância. Lisboa: Relógio D'Água]

Isso sim, é que já parece bruxedo.

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