14.6.07

Eles não páram de nos surpreender. E se dúvidas havia acerca das verdadeiras intenções dos movimentos anti-escolha e facções associadas em Portugal, como no resto do mundo, é aqui e aqui que elas ficam claras como água. As recentes declarações do Vaticano contêm, no meu ponto de vista, as duas faces da moeda. Por um lado (e este é o ponto negativo) é que, muito provavelmente, a Amnistia Internacional (AI) vai mesmo deixar de receber alguma parte de financiamento, pois o poder tentacular do Vaticano é por demais evidente e as suas influências poderosas. Esta medida tem sido convictamente promovida pelos EUA (à excepção da Administração Clinton - volta, estás perdoado - e é conhecida como a "Global Gag Rule") que desde 1984 aplica algumas destas justificações aos seus cortes de financiamento a associações que de qualquer modo estejam ligadas ao aborto (ainda que apenas como último recurso, e sendo muitas delas as únicas a trabalhar no terreno em certas regiões do globo).


Ainda assim, o ponto positivo é precisamente o facto de o Vaticano, de uma vez por todas, revelar em todo o seu esplendor quais os princípios subjacentes e alicerces das campanhas dos movimentos anti-escolha, lá como cá. Já tínhamos tido um cheirinho disso mesmo neste belíssimo debate (será que foi mesmo um debate?!) aquando da campanha para o referendo ao aborto do 11 de Fevereiro último.

Pensava mesmo que o Vaticano já tinha ido suficientemente longe ao afirmar que não apoiava o uso do preservativo mesmo na sua utilização em programas de prevenção HIV/SIDA em países onde as taxas de incidência deste vírus atingem os 50%! Mas não, allways stretching the limits parece ser o seu móbil. Já foram ( outra vez) mais longe. Tendo em conta que a AI apenas (e realço este apenas) promove a liberdade de escolha das mulheres nos casos em que a saúde destas está em risco ou nos casos em que foram violados os mais básicos direitos humanos (violação ou incesto), o Vaticano demonstra, uma e outra vez, a sua incapacidade e oposição injustificáveis para lidar com os dramas quotidianos de milhões de mulheres por esse mundo fora que nada mais conhecem senão o sofrimento. Meus senhores, um pouco de seriedade por favor!

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