18.12.07

E ninguém refila

Se a idade da reforma aumentou dos 60 para os 65 anos, porque é que o Cartão Jovem não passa a abranger até aos 31 em vez dos actuais 26?

São recorrentes, relativamente regulares, e o mais curioso é que toda a gente nos diz "eu não vi, mas tenho um amigo que viu!". E mais, garantem-no. "É verdade!" Falo de mitos de longa data como, por exemplo, o célebre caso do Ricky Martin num armário e a manteiga de amendoim, de um programa com casais onde se perguntara a uma dupla concorrente qual o último local onde tinham feito o amor, enfim, vocês sabem muito bem do que estou a falar. Outro desses mitos é também o facto, ou os factos, pelos quais os americanos não gostam de soccer. Ora, andava eu à procura de uma fotografia do Karate Kid para ver no que é que ele se tinha transformado (faço-o frequentemente com personagens da minha memória) e dou de caras com um blog americano sobre desporto, cujo post e citação neste blog se devem ao Mundial de 2006 na Deutschland. E eis que, finalmente, se fez luz sobre o que pensam, ou no que pensam, afinal (ou pensa só aquele), do desporto-rei, onde está o mito e a verdade, o que vale um fora-de-jogo, a tirania praticada por um árbitro com os descontos ou o "deixa-me cá mandar-me ao chão que os gajos estão com uma jogada de ataque perigosíssima, pode ser que um tanso mande a bola para fora". Vale a pena ler o texto na íntegra:

"The US does none of that. Their typical offensive "set" - if thats what you call it - goes something like this (or at least this is what it looks like to someone who doesn't know to much about futbol): Kasey Keller takes the ball out of the back of the net and sets it down on the ground. He then motions to four or five of his teammates, apparently positioning them for a long pass, and then proceeds to boot the ball the length of the field to no one in particular. Hopefully, someone from the opposing team knocks it out of bounds, and the US gets a throw-in. That really seems to be our best bet. If that somehow happens, we throw it in, screw around with the ball for as long as we can, play it back, play it back, play it back...and then find a way to get it to the other team as quickly as possibly. Rarely we'll get a shot off - if we do, it generally sails fifteen to twenty feet over the goal (honestly, if the goal was 30 feet high, the US would have destroyed Ghana. Like 7-2) . Then we play defense."


Ansiedade


Imagem: http://www.estadao.com.br/fotos/beemovie2.jpg

14.12.07

Alta cultura


13.12.07

Amigos? Conhecidos?

Que mania têm as pessoas de enviar e-mails -nomeadamente a mim- com pinturas sagradas, e anjos e santos, e diabos, e sustos, e powerpoints foleiros ameaçando-nos de que se não reencaminharmos aquilo a xis pessoas dentro de ípsilon (por acaso, amanhã tenho que comprar o Público e jogar no Euromilhões) dias teremos um azar catastrófico a bater-nos à porta. Gente que envia esses e-mails, um aviso a bem da pacífica vida social: a única coisa que se ganha com tal comportamento é, quando nos encontrarmos de facto, em pessoa, já não haver paciência nenhuma para vos aturar, tão grande é o trauma de perder tempo com azelhices dessas. Além disso, nem quando era criança fui amigo de alguém que me aplicasse as mais variadas e determinadas manobras de coacção, inclusivamente não ser convidado para festas de anos. Nunca fiando, vou andar com um terço pendurado no retrovisor do carro e um santinho na carteira.

10.12.07

Esclareçam-me lá

porque é que nunca conheci uma única rapariga gaga?

6.12.07

Pero este no es un post de mierda, señor Chavez. Lo aseguro.

El señor Chavez acaba de clasificar a la victoria del "no" como una victoria de mierda. Y más, lo dice sin cualquier tipo de problema. Y a mí, si dijera mierda en una circunstancia normal, me maltratarían en dos tiempos. Tiempos raros, no? Mirad:


A grande capitalista

Ela dá-se com toda a gente, e mais, sabe dar-se a toda a gente. Homens novos, mulheres velhas, homens velhos, mulheres novas. Pais, mães, tios, bancárias, investigadores, professoras e professores, funcionários. Ela trata toda a gente com respeito, lançando aqui e ali um piropo mais ou menos conseguido, num olhar a dar para o quase vigoroso. "Meu lindo", "minha linda", "olhe aqui, tão lindo como você". Como resistir a isto numa dura manhã de Dezembro, fria e cortante? Impossível. É assim que se faz a grana. Sacando, a pouco e pouco, aquele sorrisinho maroto, ou amarelo, aquele sorrisinho em que já não se consegue dizer que não. De qualquer forma, a coisa pega. Com um modus operandi tentacular e um conhecimento ímpar em cada uma das áreas, uma estratégia microsoftiana (com r de marca registada aqui no canto superior direito), ela chega à Matemática, à Física, à Química e ao Direito, deixando ainda o seu travo na Medicina, na Biologia e na Geologia. Ela domina todos os campos de investigação e faculdades, ela é omnipresente. Ela é a senhora dos bolos de Ançã.

4.12.07

Superioridade (I)moral

Uma das coisas que se afigura cada vez mais como certa é que as verdades e as mentiras, mais cedo ou mais tarde, mais ou menos camufladas, mais ou menos verdade, ou mais ou menos mentira, acabam sempre por fazer ricochete. O resguardo faz-se rápido, por vezes, mas não o suficiente. Frequentemente porque o colete anti-verdade, ou anti-mentira, dependendo dos casos, não se compadece, pois falta-lhe a resistência necessária para deter o mais forte de todos os projécteis, a dor de quem foi baleado.

3.12.07

O azar

A próxima acção da ASAE vai ser proibir os bolos de aniversário devido aos comportamentos anti-higiénicos e eventualmente nocivos das pessoas comerem da iguaria para a qual os aniversariantes sopraram.

29.11.07

Quatro vintes e dezanove



Keep your head up


Longos dias, duros dias

É uma operação difícil, complexa, impossível, a bem da verdade. Quando a vida o exige, é o que por vezes se tenta fazer. A fresh start. Vai-se às opções, apagam-se os cookies, a memória em cache, as palavras-passe e o histórico. Todos determinantes, tudo o que nos disse algo, o que nos construiu, o que somos. Mas por vezes, apesar da dor e da dificuldade que exige, é mesmo a única, talvez triste, com certeza triste, maneira de conseguirmos ser felizes de novo. Mas não queremos apagar tudo, não podemos apagar tudo. Por respeito, por saudade, por uma dor que não passa, porque retiraria sentido a todo o resto. Porque somos tudo isso. E porque não pode ser, não pode ser, pronto, ponto. Não existem outras opções, mas não me resigno, não me posso resignar. Não seria justo. Nada disto é justo. Hoje, sou mais amargo, tenho mais amargo. Nem um bocadinho.

Tenho tantas saudades tuas. Temos tantas saudades tuas.

28.11.07

No need to run away


Foto: Carlos Barradas. Título à conta deste senhor.Clicar para aumentar.

26.11.07

O primo da seringueira

Os pequenos, cónicos e arredondados resquícios em tons acizentados estavam espalhados por cima da secretária, irregularmente, conspurcando o tampo. E eram tão difíceis de remover. Estranho, dado que tinha fortes hábitos de limpeza impregnados. No seu corpo e nas extensões deste. A roupa, sempre lavadinha com um toque de amaciador no final, cheirinho a lavanda, bem engomada, e o monitor, sempre límpido e cristalino cada vez que iniciava uma sessão, onde ao pedido de palavra-passe era digitado "macramé". Sem dúvida, tinha estado a apagar algo de um livro, ou de uns livros. A senhora da limpeza, chegada às seis e meia desta segunda-feira e apanhada de surpresa por encontrar aquele chavascal, nada costumeiro naquela mesa, suspirou "há gente do pior, nunca se sabe o que esperar das pessoas". No entanto, há já três dias que ninguém sabia do Jaime. Uns diziam "eclipsou-se", outros, que tinha "desaparecido do mapa". Procuraram-no o fim-de-semana inteiro. Nada. Sem o saberem, estavam próximos da verdade. O Jaime, de tanto ímpeto que metera em apagar as linhas de um livro que tinha que devolver na biblioteca até às 19 pos meridian sob a ameaça de pagamento de uma multa de 0,67€, tinha-se apagado a si próprio, tendo começado, acidentalmente, no meio indicador esquerdo (não meio, na verdade só tinha perdido a falange) que ainda mantinha depois de perdida a outra metade, quando um esquilo queriducho o arrancou, juntamente com a avelã que ele cuidadosamente guardara no bolso superior do paletó, remanescente de um saco de frutos secos sortidos oferecido pela madrinha Doritas, da Baixa da Banheira por ocasião do 37º aniversário do seu baptismo na Igreja de Sernancelhe. Mas o Jaime era, acima de tudo, conhecido por ser um tipo altruísta. Facto que não se comprovara nesta última página da sua vida. Não tinha, até dado momento, apagado toda a sua história, mas o horror de enfrentar mais uma vez aquela bibliotecária que lhe parecia querer arrancar a cabeça de cada vez que entregava um livro depois do prazo foi o suficiente para ainda deixar escrito num post-it cobarde,

"Por favor devolvam o livro à bibli t

22.11.07

Sobre o bem-estar (cont.)





Sobre o bem-estar

O Sr. Prof. Simon Chadwick, da Coventry Business School, esqueceu-se de dizer: "Os campeonatos anteriores demonstram igualmente que a produtividade dos trabalhadores geralmente diminui a partir do momento em que se sabe que a selecção de Inglaterra vai defrontar a selecção de Portugal. É aqui que se começa a instalar o factor mal-estar".

20.11.07

A noite do fim do ano

foi, como todas as anteriores de há larga data a esta parte, categoricamente incluída no tópico "noites etílicas". Numa das últimas, já o saldo do telemóvel se tinha esgotado em votos de bom ano e muita saudinha, quando um casal amigo, no meio de fraternos abraços, tombou de umas escadas com cerca de 2 metros de altura numa calçada. Pânico generalizado. Chama-se o 112. Por alguma razão, à minha chamada é-me respondido que há que carregar o telemóvel, facto desde logo incompreensível dado que para ligar o 112 é gratuito.
Por acções que não as minhas, a ambulância lá chegou e levou os amigos, combalidos. Tudo impecável, passadas duas horas, com gaze e betadine, voltaram para a festa. Sem álcool.Só no dia seguinte, à tarde, e olhando para os números marcados, me apercebi que tinha estado a ligar ansiosamente para o 118 (informações).
Isto para dizer que essa gente que faz chamadas anónimas e falsas para o 112 devia era levar com uma marreta na cabeça durante um ano, já que se algo de mais grave se tivesse passado e não houvesse meios disponíveis para os socorrer, eu próprio me encarregaria de ajustar contas (não naquela noite, especificamente). Aliás, uma boa medida para acabar com essas chamadas era precisamente o INEM doar os números de telefone a quem sofreu directamente esses efeitos por vezes nefastos para se aplicar a bela da justiça popular. Siga.

A época

Luzinhas, esparsas, ligeiras centelhas difundidas por um manto post mortem da temporada estival. Cantares com panos à cabeça que atravessam as planuras retalhadas, as mulheres contratadas para a azeitona, varejam, varejam, escoradas por escadas de madeira e pelos êros que irão receber sobre os panos estendidos, manchados, que tantas épocas já fizeram.

17.11.07

Pré-Natal

Sim, o Natal está aí à porta, ou ao portão, melhor dizendo. Os casaquinhos começaram a sair dos armários, das caixas, fechadas, por baixo dos sommiers. São postos a arejar e compram-se batons para o cieiro (porque é que não se chamam batons contra o cieiro?). Os aquecedores, atrás da porta da despensa, são recuperados para as salas que não são abençoadas por lareiras, e o ritual cumpre-se. Ou cumprir-se-ia. É que, nesta pré-pré-pré-época de Natal, com os centros comerciais já enfeitados por Pais do mesmo, pinheiros com supostos flocos de neve, luzinhas, metros e metros de luzinhas, e trenós, a fantasia não se propaga para fora dos malls. Porque assim que saímos daqueles, está um sol de arrasar com 24º de temperatura ambiente.

16.11.07


Inverdades


O odor à terra saturada de água, o verde que há muito revezou o pasto seco, quebradiço, em tons acastanhados. A água, ainda moça e envergonhada, conduzida pelo ribeiro, transpõe com dificuldade as sinuosas e delicadas barreiras da terra áspera, pontuada aqui e ali por alguns girinos que nela se fazem viver. Nos dédalos dos olivais e das herdades, fungos que já viveram tudo a que tinham direito, cumpriram o seu ciclo e abandonam, com cores já esbatidas, os campos onde a partir de agora serão gerados outros seres e outras vidas. Tudo o que aqui está dito já foi outrora verdade. Hoje, agora, não o é.


14.11.07

Estou no sítio certo

mas com o livro errado, caríssimo. O repto é óptimo, mas constato que o parágrafo que contém a 5ª linha da dita pág. 161 do livro que neste momento leio, é o último do mesmo [Pirandello, Luigi ;Um, ninguém e cem mil]. Ele há coincidências. Ora, este é um exercício belo, mas complicado. Há largos anos (pelo menos 2) que tive que me forçar a perder o hábito de saltar 80 pág. para descobrir o fim de um livro, seja de culinária, seja de fotografia, estes últimos reservados para os aziagos dias de chuva (que actualmente desapareceram). Mas regras são regras, e eu sou um abelzinho que só joga dentro das quatro linhas:

"Pensar na morte, rezar. Ainda há quem tenha essa necessidade, e os sinos dão-lhe voz. Eu já não tenho essa necessidade, pois morro a cada instante, eu, e renasço novo e sem recordações: vivo e inteiro, já não dentro de mim, mas em casa coisa fora de mim."

Passo a corrente à Cris e à Confraria, que é um três em um.

Vazio

Agora que o governo conseguiu a aprovação da tão famigerada lei que permite a um aluno faltar às aulas a seu bel-prazer, i.e., gazetar (penso que o termo ainda será utilizado), que fazer ao espaço em branco deixado pelo famoso Gazetómetro? Aqueles alunos artistas que na escola se gabavam de ter já 8 faltas a Matemática, 5 a Química e 6 a Inglês (a prof é uma tolinha), que estavam quase a chumbar e cujos quadradinhos preenchidos com cruzinhas não enganavam, onde poderão agora ir reclamar esse artífice da masculinidade juvenil?

9.11.07

Isto está mesmo mau...

é que só agora, 17 minutos depois, me apercebi que não era preciso trocar os "e"s por "i"s para engenheiro ser uma profissão com "i". Talvez seja melhor parar de trabalhar por hoje. Espero que estejam a dormir bem.

Melhor ainda...

é que passados dez minutos ainda me estou a rir que nem um perdido.

Quando à noite...

o cansaço aperta, a estupidez vai logo atrás. Estava aqui a ver o famoso programa da TVI "Quando o telefone toca" ou lá como aquilo se chama e a beber um copo de leite fresquinho. É tarde. O tema de hoje é profissões com a letra "i". Lá figurava arquitecto, pedreiro, médico, intérprete, contabilista. "Profissões com "i"?" Fácil, pensei eu. "Inginheiro."

5.11.07

Way beyond



Tanto estilo perturba-me, a sério.

O Agente infeccioso

Estava a braços com uma virose. Forte, incapacitadora, desmemorizante, que o ia tornando numa pessoa inconformada. Não conseguia aceder a todas as realidades da vida diária que moldavam a sua existência antes do incidente. E não se conseguia ver livre dela, mesmo com todos os anti-virais existentes no mercado. Inconformado estava também com o que ela, a sua mulher, lhe tinha feito. Ainda se recordava de todo o mal que lhe tinha inflingido. Resolveu enviar-lhe uma mensagem do site da tmn, que é à pala. As palavras, ásperas, ressequidas, rugosas, estavam prontas para ser enviadas. No preciso momento em que se preparava para premir o Enter, deu-lhe o tilt. Mensagem não enviada. A virose tinha dado cabo dele, do computador. Teve que formatar o disco. Mas a questão manteve-se: formatado o disco, devia ele agora aproveitar para formatar a vida?

3.11.07

Aceitam-se sugestões para:

Uma cor nova para os títulos dos posts


Uma cor nova para os títulos dos posts

Uma cor nova para os títulos dos posts

Uma cor nova para os títulos dos posts

Uma cor nova para os títulos dos posts

Uma cor nova para os títulos dos posts

Uma cor nova para os títulos dos posts

O impacto que uma coisinha destas devia ter:

Enviar 50 sms, indiscriminadamente, para 50 números de telemóvel (de preferência não da nossa lista telefónica) com os seguintes dizeres:

"Volta para mim meu amor, tenho saudades de te ter nos meus braços, de te acariciar, de te depositar os meus beijos e olhares. Por favor, quero-te perto de mim".

26.10.07

Putin que pariu mais à матрёшка*

Está uma pessoa a almoçar e aparecem os três. Um, de calças arragaçadas, pronto para apanhar ameijoa ou percebes ali na costa alentejana. O outro, ar gingão, comprometido, com ar de матрёшка (o que é a mesma coisa que Matryoshka, ou Matrioska, ou Mat...lá tenho eu que abrir outra vez o separador da Wikipedia para ver como é que se escreve), sem se mexer muito, qual "Zé sempre em pé" a pensar que raio faço eu aqui ao lado destes meninos que ainda falam em democracia e direitos humanos. Por favor, que ridículos. Mas este Convento de Mafra, sim senhor, que coisinha bonita e agradável. Deixa cá ver se oriento aqui um item à maneira lá pra casita na Chechénia. Olha que estes gajos não se safam mal. Faltava o Zé Manel, porreiro pá, tudo tratadinho, à maneira, arzinho de texugo bem cheinho. Impecável.

Dezenas de cidadãos ucranianos, moldavos e russos que vivem em Portugal, muito felizes por poderem ver Vladimir Putin, concentraram-se junto aos cordões de segurança impostos pelas forças da ordem diziam os jornalistas. Pois, muito felizes porque vivem cá. E por estarem do lado de lá do cordão.

Um pequeno apontamento: fico contente que a Sic Notícias pense nas pessoas e confie nas suas extraordinárias capacidades intelectuais deixando-nos ouvir um russo perfeito durante 20 minutos, mas como ainda só sei dizer o meu nome naquele idioma, que é B. com um acento assim estranho, preferi ouvir o discurso traduzido na RTPn. Só por uma questão de raciocínio.

*Matryoshka, ou Matrioska, ou Matriosca.

23.10.07

Vitória (i)moral, vitória (im)oral

Renhêda. Peço desculpa, não me surgiram outras palavras.
Só esta.
Polga, que falta fizeste...
Mas que merda é aquela? A bola de um lado ao outro da área a passear por ali, uma e outra vez, volta, diverte-se. Porra. Passa por cima, passa por baixo. Salta. Desce. Rola. Chuta, não chuta. Parecia uma equipa de pessoal com disfunções motoras.
O Abel, um abelzinho. Abel, escuta: na Champions, com jogadores que valem dez vezes mais que tu, não se inventa, manda-se para fora. A bola jogável fica para mais tarde. Deixa lá, à custa de uma lição lá se foi mais um pontito. E estavas a jogar tão bem. Siga.
Gladstone, esteve lá? Djaló esteve lá? Paredes esteve lá?
Tiago, sim esteve lá. Ou não quando devia estar. E notou-se bem. É tramado, mas esta época estás acabado. Então passamos anos a ver se o Ricardo se começa a sair bem aos cruzamentos e fazes exactamente a mesma merda? Ou aprendeste com ele ou não estavas nos treinos quando estavam a explicar ao futuro bético. Processo disciplinar, já!
Ronny, põe-te fino ou vais de carrinho. Um lateral que parecia, parecia, parecia, parecia sei lá o quê!
Moutinho, joga, muito.
Romagnoli, minha nossa, que jogaço!
Miguel Veloso: gosta de enterrar uma vez por jogo. Felizmente não tem dado em nada. À parte disso, que classe.
Tonel, bem. Foste comido à força toda no segundo mas a culpa não é tua. Não estavas era à espera que o Abel fosse abelzinho naquele instante. Foi o efeito surpresa.

Levezinho, tivemos saudades da pulga atrás da orelha.

Certo, certo, é que mais uma já lá mora. E o resto são tretas.

Pouco me importa

que haja 5 mesas de um café ocupadas com estudantes universitários/as a jogar às cartas; pouco me importa que a Universidade toda cheire a vómito e mijo; pouco me importa que haja lixo por tudo quanto é lado; pouco me importa que não haja lugar para estacionar perto do trabalho; pouco me importa que a TMN faça uma promoção num site ao qual não se consegue aceder durante uma hora. Importa-me, sim, estar sentado numa mesa e uma miúda qualquer sem o mínimo de educação tirar uma cadeira sem perguntar no mínimo "posso?"
Qual velho do Restelo, à saída, "Eu não me importo que tires a cadeira. Mas devias perguntar, é uma questão de educação". O melhor: a cara de espanto, incredulidade, surpresa e, pasme-se, indignação com que acatou o recado. Mas a partir daí também já não sei muito bem. Virei costas e vim-me embora.

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Passam. Lestos. Uns após outros. Imparáveis. Eles, deitados, em cadeirinha. A cabeça dela repousada no braço dele. O relógio digital com projecção na parede vai assinalando. Faz-se tarde. Despertos. O silêncio. Não há música lá dentro, não há gatos com o cio lá fora. Nada. A vida. As minudências. As minudências da vida. Como vai ser? Pessoas em redor. Felicidade. Erros idos, caros. A recuperação, a reparação, lenta, mas determinada. As vozes denunciam-nos. Calmas, reflexivas, pensadas. Cúmplices. Olhos bem abertos. Ressoam as unhas dela nos pêlos do braço dele. Suaves. Ternas e compreensivas. Compreendidas. Encostam-se os corpos. É outro amor que se faz. Outro amor. Não aquele. Está na hora. Primeiro foi o susto. Depois o silêncio. A força. A audácia. Porque não é fácil. A possibilidade existe. O balanço, no balanço se constrói. Do equilíbrio.

19.10.07

É lindo,é lindo, é lindo!!! Quilhem-se pseudos, é das melhores publicidades que por cá apareceram!



E vale a pena ver os outros vídeos que as pessoas foram pondo no Youtube!

Coimbra Inovação Parque


Fonte (genial!):http://coimbraeumalicao.blogspot.com/2007/10/o-cartaz-da-latada-como-eu-o-vejo.html

16.10.07

Vingança

Tudo normal. Não há estacionamento. Tenta-se outro esquema, carro a 1km do local de trabalho. Passeata breve, célere, e lá se chegará em menos de nada. Sensato, certeiro, sinónimos outros. Um parque, árvores frondosas, sol que espreita por trás dos muros do quartel, fresquinho que faz bem à alma, banquinho de madeira com tinta amarfanhada, lago bem cuidado. Livro. É isto mesmo. Meia horinha de leitura ao sol, à fresca. Nas folhas, tonalidade verde-clara, ou verdes-claras, várias, umas outras que caem por ali abaixo para aterrar nos párabrisas dos carros que passam. Outono, na medida do possível. Era assim, bem me recordo. A divisória bem estabelecida das estações do ano. Primavera, Verão, Outono, Inverno. Sim, lembro-me bem. O caminho para a escola era feito, por esta altura, mesmo pelo meio (simétrico na medida do possível) dos amontoados de folhas castanhas ali despojadas. E era revolver aquilo tudo. Ah! Que maravilha.
Há pouco, vi cair umas quantas, afianço-vos. Não foi bem a mesma coisa. Fecha-se o livro, prossegue-se. Piqueno-almoço. MB. "Cartão Inválido. Card not good for use in Multibanco". Nem penses que me vais estragar esta manhã bonequito sorridente e irritante. Quando as notícias do MB não são boas devia mudar a expressão da figurilha para uma carantonha triste, no mínimo. Questão de solidariedade. Assim não. Más notícias com um sorriso? De nós. Para nós? Ainda ontem a Ariel me dizia que quando se sente triste, bota música deprê. Nem mais. Alivia a alma, sentirmo-nos ainda piores. Queremos ser miseráveis, miserabilistas, queremos ter pena de nós. Temos todo o direito a isso.
Siga. Não dá, não dá. Quem não tem dinheiro não tem vícios. Não se come. Ainda deu tempo para, casualmente, ver uma exposição de fotografia antiga e moderna da cidade de Coimbra. A Coimbra antiga e a Coimbra moderna, diga-se, não a fotografia. Vale bem a pena. Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra. Pequeno gosto: ver uma praia fluvial enorme, com imensos barquinhos à vela no rio Mondego, em frente do local onde hoje é o restaurante Itália. Estádio Cidade de Coimbra localizado onde outrora imperava um simpático terreno arborizado. Sorriso. Gostei. Muito.
CGD. Troca de cartão. Desta vez não paga. Melhor assim.

14.10.07

Está lá tudo, está aqui tudo, está aqui o país todo. Boa semana.


Foto: B

Pedras de gelo

Só faltou perfurar-lhe o corpo. A dor e o chofre que o granizo impôs nas suas oliveiras arruinaram a estética, as linhas suaves e esverdeadas, rendilhadas aqui e ali por bicadas dos pássaros. A fronteira intransponível da pele, a delas, reconvertida a coador. A redondil ficou toda furada. Mesmo assim estão lindas, todas carregadinhas, as abas delas parecem uma chuva suave, os olhos tocam-nas com carinho e as folhas ouvem as suas palavras ternas de franca recuperação.

10.10.07

É quase tão bom como o Pipi, o homem das bolas telecomandadas.

Ganhar alento

Quando a certeza de algo que não se voltará a repetir, recuperar tempos idos, saborosos, que perduraram para lá da Cimpor e da branca espuma das ondas. Isto era tudo, foi tudo.

"Recordo sim essa noite em que subimos a serra de luzes apagadas e lá do topo ficámos a ouvir e a cantar a Tempestade na cassete que rodava incansável como o farol que lá em baixo girava como as ondas que distantes espumavam em estoiros. Aos amigos, a nossa curta-metragem, o nosso cimento, fóssil na pedra."

9.10.07

Ensejo

Assim, semi-nu, encharcado no suor de uma corrida louca, num esforço totalmente inútil de não deixar um rasto que fosse, uma molécula, um cabelo, um suspiro, uma lágrima, um grito. Que o meu recorte neste chão, escuro, sem vida, sem interstícios, sem nuances, sem dor nem prazer, denso e imutável de mim se destacasse. Assim, Noa, no meio da estrada recentemente alcatroada, ainda quente do sol que nela descansou durante todo este dia, que levou víboras e sapos e osgas e salamandras pretas com pintas amarelas a atravessarem-na e nela se depositarem, mesmo assim, sou eu o único réptil que rasteja, correndo. Rastejo-me. Hoje, de má memória, ignóbil e abjecto, apresso-me, no único acto lúcido que neste momento me ocorre, a comer as raízes, envenenadas por certo, que estiveram no assentamento de todo o mal que te fiz.

Oxímoros pela manhã

Na rubrica de Internet da Antena 3 falaram acerca do site remodelado da MTV Portugal. Biografias mais extensas dos artistas, informações sobre concertos, passatempos, críticas sobre jogos de consolas. Deixei de ouvir quando me pediram para votar nos Buraka Som Sistema para a categoria de New Sounds of Europe. Era só o que faltava. Não gosto, não gosto, não gosto.

Do cabelo à culinária

Reparo que há um novo champô lá em casa com óleo de abacate e manteiga de Karité. Acho que nunca comi nada que fosse assim tão requintado.

Pulseira? Anel? Mala? Aquele top giríssimo?

Nada de novo, mas tudo novamente mal, difícil, inominável. Na hora da decisão, da escolha, da alternativa outra, aquele suspiro que indicia um pensamento, "que raio faço eu aqui?". É uma noção assustadora de querer, a todo o custo, corresponder às expectativas sabendo que estas estão, à partida, viciadas pelo circunstancialismo do que se afigura como uma tarefa impossível. "Mais valia ter ido para casa. Isto é uma vergonha. Como é que ela é?. Oh minha senhora, é a mulher que me preenche, é a mulher que eu quero. É tudo o que quero saber acerca dela. Na verdade, tudo o que sei acerca dela está nesta frase." Mas não basta. Certo e sabido.

Começa-se, então, a pensar num rol de actividades que poderia estar a praticar, a experimentar, a reviver. Não queria estar aqui. Poderia estar perfeitamente a fazer bolhinhas de sabão, com aqueles tubinhos que se vendem nas feiras. Tentar fazer aquela bolha gigante, e depois uma outra, tendo como objectivo último a união entre essa a outra entretanto insuflada. Ou meter a bolinha naqueles buraquinhos na tampa desses frasquinhos. Meter as duas bolinhas é que era mesmo difícil. E o cubo? Não hei-de morrer sem fazer aquilo. As corzinhas todas, chiça. Que trabalheira, aquilo sim, dá-me a volta ao miolo. A história dos castelos na areia não. Não, isso não que nunca tive jeito nenhum. Nem para isso nem para jogar às cartas. Nem jogos de estratégia e já agora, nem para negociar as coisas nas feiras. Levam-me sempre à certa, os sacanas. Jogar futebol, sim, futebol. Ou squash. Comecei a adorar squash. Porra, tenho também que arranjar o comutador para as colunas novas do portátil. Como é que aquela porcaria não funciona? Dá um gajo uma pipa de massa para chegar a casa e funcionarem 3 de 6 colunas. Ele há coisas...

A figura ridícula, continuo a fazê-la. Aquele sorriso forçado, semi-envergonhado, ao mesmo tempo que a senhora pensa "mais um que não percebe nada do que é que uma mulher quer". O sorrisinho sarcástico, o olhar de soslaio, aquela troca de palavras em surdina com a colega de trabalho seguida de uma risadinha enquanto olham as duas para mim. Tento refugiar-me, social e psicologicamente, dando aquele ar semi-distraído e/ou interessado enquanto ponho as mãos atrás das costas para observar o colar da última colecção na MD. Como vê, castanho, com um ornamento em metal lindíssimo e altamente invulgar, uma peça única. Única.

Única, a única escolha impossível, diria.

4.10.07

Oh João!

“Foi dos maiores choques da minha vida ver que aquela matéria causava um profundo mal-estar, era como um corpo estranho no corpo ético do PS."

"Oh João!" é também o nome de um talho por baixo do apartamento de um amigo meu.

É boa disposição e faz maravilhas à alma.


De cavalo para burro

Na Feira de S.Mateus, não a de Viseu, mas a de Elvas, que também é muito boa, tem imensos stands de automóveis e isso, diversões até, juntavam-se há cerca de 63, talvez 65 anos, ou mais ou menos, todas as famílias cujas vidas se desenrolavam nas cercanías daquela cidade. O evento não era para menos, a Feira de S. Mateus era o evento, i.e., a única altura de alguma agitação, folia e festividade num Alentejo miserável, trabalhador e explorado.

A duração: uma semana. As parentelas vinham nas suas carroças lá de muito longe, tipo 4 quilómetros, ou mais, 50, por exemplo, e juntavam-se todas nas redondezas da feira. Ali se pernoitava, comia e bebia. A gestão social era feita pelo animal tractor da carroça. Não seria o modelo destas últimas a condicionante ou indicativo do estrato social pertencente, mas o próprio quadrúpede. As três classes, como hoje temos os jipes, os utilitários, os comerciais e os Pandas e 4L, eram, por ordem decrescente, cavalos, machos, burros.

Numa das edições desta feira, um senhor, desprovido de qualquer preconceito, estacionou a carroça, com o asno de sua propriedade, junto a um grupo de fidalgos detentores de nobres equídeos e híbridos funcionais. A reacção, que não tardou um par de horas a surgir, veio de alguém da alta sociedade, cujo Equus caballus, de porte elevado e cor límpida, se encontrava em animado convívio (não tão animado assim) com o de estrato social inferior.

Com algum tipo de receio que o intercâmbio entre os animais pudesse conspurcar a limpidez e rígida estratificação social em vigor na altura, a ameaça ao proprietário do jumento foi breve, mas clara: "Ou você tira já daí o burro ou tratamos-lhe da saúde!"

O ameaçado, irado não só pela ameaça mas também pelo motivo da mesma, pegou na vara de marmeleiro com a qual estimulava o jerico, empunhou-a bem alto e disse: "ai querem-me tirar daqui mais a minha família por causa do burro?!Então venha de lá o primeiro!".

Esse senhor era o meu bisavô.

p.s. Nem o meu bisavô nem a família dele arredaram pé. Nem o burro, já agora.

29.9.07

A semana passada

A história deprimente, recorrente, repetindo-se em ciclos, alguém já o terá dito. Todas as semanas a tomada da consciência, seguida da escuridão, momentânea, infalível, que sempre chega. Os regimes ditatoriais, totalitários, o baixíssimo valor da vida humana, os militares, as manifestações, as mortes, os detidos. A semana passada começou com o Mugabe e acabou com Myanmar, Birmânia, chame-se lá o que quiser. Países com algum potencial de desenvolvimento, totalmente encerrados sobre si próprios sob o desígnio de líderes que não têm dificuldades em dar ordens de disparo aleatório a pessoas que se manifestam pacificamente, de acabar com toda a comunicação social que não propagandeie um qualquer regime, de provocar subidas de taxas de inflação aos 15000% (?!), de manter as pessoas fechadas em casa para evitar manifestações. No Myanmar affair a Rússia e a China, à boa e velha maneira, dizendo que as repressões são "precoces" e não manifestam qualquer tipo de oposição mais demarcado ao que naquela zona se passa.
Não, a semana passada não fez bem às cabeças que pensam liberdade, que pensam na liberdade. Mau negócio.

27.9.07

Impressões de uma manhã de quinta-feira



Não sei como é que perdi esta pérola ao vivo. Audiências, interesses económicos, jornalismo desintelectualizado, editores acéfalos. Seja como for, desta vez o homem teve razão.


Diz que fecharam as transmissões futebolísticas no TVTuga

Que a Sporttv não descansa enquanto não detiver o monopólio total de toda e qualquer transmissão desportiva televisiva em Portugal, já não constitui novidade para ninguém. Baseando-me puramente em boatos, diz que foi alguém da Antena 1 que terá perguntado a um responsável da Sporttv o que achava do facto do TVTuga estar a transmitir, via net, jogos de todas as ligas europeias, Liga dos Campeões, ligas sul-americanas, chinesa, etc. Diz que foi neste momento que esse canal televisivo teve conhecimento do site. Na verdade, nem interessa quantas ligas, quantas competições eram transmitidas porque de facto o que se verifica aqui é uma total ganância pura e dura, uma discrepância atroz entre o mercado que se quer atingir e aquele que realmente se pode atingir.
Não percebo, ou não quero perceber, o que está por trás destes lobbies que em tudo são determinados pelas leis do mercado. Quando o Domingo Desportivo era o programa de eleição de fim-de-semana, com os resumos (na verdadeira acepção da palavra, assim com os golos todos e isso) dos jogos, não só era um fartote, como de facto começávamos a semana com a barriga cheia e a cabeça pronta para cinco dias da vida. Podíamos falar dos melhores golos a nível europeu, sabendo efectivamente que tinham sido todos mostrados.
Com aquele acordo entre a TVI e a Sporttv, para além de termos resumos de metades , repito, metades de jogos, nos intervalos dos mesmos ainda temos que comer com toda a merda que nos querem dar (como por exemplo, um Benfica-Leixões) e isto simplesmente não é admissível. E nem estou a falar do João Querido Manha.
Tristes, nós, os que não temos, não podemos, arre pôrra, não queremos ter Sporttv, ainda esperar pelos resumos do futebol internacional e ouvir "agora passamos a ligação em directo para a redacçao da Sporttv". É aqui que se atinge o auge da incompetência, da ganância, da soberba, da presunção de todo e qualquer pecado capital que possa existir. Barcelona-Real Madrid, época 2006/2007, jogo do título, emoção ao rubro, jogaço tremendo, resultado final: 3-3. O que é que a Sporttv faz? Simples: mostra no máximo dois golos e o povão que se lixe.

Aqui entrava o TVTuga. Resumos disponíveis. Os golos, todos. Tudo. Arquivo. Jogos da Liga dos Campeões. Barcelona-Arsenal. Man. Utd-Milan. Sporting-Bayern Munique. E mesmo jogos totalmente secundários e supostamente desprezíveis. Corinthians-Flamengo. Shingzu Tin- Tin Shingzu. Al-ahly-Al-Ittihad. Fátima-Porto (!). Benfica-Desportivo das Aves, com brinde de visionamento do Professor Neca e tudo.

De qualquer maneira, era bom, era acessível, era rápido e sem custos. Serviço público, portanto. Ganância de gema moralmente indefensável. Fica a nota: a mim não me lixam, e não me enganam. Estive sem Sporttv muitos anos e vou continuar sem Sporttv por ainda mais. Confio que alguém lá me arranjará maneira de ver os jogos de novo, no TVTuga ou noutro lado qualquer. Mas era bom que, de uma vez por todas, se acabasse com esta mentalidade serviçal às leis do mercado.

Em Espanha (não consigo deixar de gostar daquela gente, por muito que isso revolte), a capa do jornal Marca de hoje mostra a indignação face a essa subserviência da transmissão dos jogos em sinal fechado. Sim, provavelmente só fazem isso proque é o Real Madrid. Mas, afinal, o que é que importa? Serviço público é serviço público. E aqui ao lado age-se em conformidade com os interesses da maioria, não com meia-dúzia de boys com tendências ditatoriais. Como disse o Zé Mourinho, é o fim da democracia.

25.9.07

Não sei se ria, não sei se chore #2

"Hoje fazem anos: José Souto Moura, ex-procurador-geral da República, 57; Mário de Carvalho, escritor, 63; Sofia Alves, actriz, 33; Gonçalo Waddington, actor, 30; Pedro Espinha, antigo futebolista, 42; Petit, futebolista do Benfica, 31; Ednilson, futebolista do OFI (Grécia), 25; João Ferreira, árbitro de futebol, 40; Adolfo Suárez, antigo presidente do Governo espanhol, 75; Michael Douglas, actor, 63; Catherine Zeta-Jones, actriz, 38; Heather Locklear, actriz, 46; Will Smith, actor, 39; Zucchero, músico, 52."

Não sei se ria, não sei se chore #1

Discurso de Ahmadinejad na Universidade de Columbia. Um excerto para aguçar o apetite: "No Irão não existem homossexuais".



And now for something really useful

O autor deste blog vai falar na terceira pessoa porque lhe dá ar de jogador de futebol.

O autor deste blog é uma pessoa que exerce a sua cidadania activa nas várias componentes da vida diária, pessoal e social. É boa pessoa. Freia a marcha do veículo quando perto de uma passadeira. Deixa passar os autocarros mesmo quando estes não têm prioridade e separa o lixo. Toma banho todos os dias e não gosta de andar sujo e a cheirar mal. Mas o autor deste blog não suporta um conjunto de coisas. Entre outras, o autor deste blog não suporta chegar à casa-de-banho do seu local de trabalho e aquilo parecer as praias da Normandia 24 horas depois do Dia D. Não, ele não suporta isso. E então, quando entra na dita e vê aquele chavascal, contorce-se com dores de cabeça provocadas por uma raiva intensa, e pura. Então, o que é que o autor deste blog faz?

Primeiro pensa, respira fundo B., respira fundo. Não B., não respires fundo, não faças isso. Procuram-se opções, esquemas outros. Tudo bem. Vejamos. Olha em volta, nada. Armário. Huuummm, será? Vislumbra-se ouro transparente. Ajax Multiusos Desengordurante, mais 50% grátis. É isto mesmo. O autor deste blog, numa paciência infinita, limpa o tampo da sanita para aniquilar resquícios inaceitáveis de outrém.

Este blog manifesta-se assim, por via do seu autor, contra qualquer tipo de porcalhice acumulada nas casas-de-banho dos locais de trabalho e sugere algum tento aos autores e autoras de tais actos dada a pluralidade de corpos que por ali passam, e se sentam.

Noites inquietas

Podes dizer o que querias, podes sorrir como sorrias, podes abnegar a dor que te acompanha. O sonho não comanda a vida. Substitui-a, por vezes, repondo o que falta ao despertar.

Um novo dia ao estilo CSI. Ou não.


Recomendação deste senhor.

24.9.07

Juro, mas juro mesmo que pensei em ocultar isto para sempre, mas não aguentei mais...(Na altura ainda estávamos na pré-época, e isto é uma conversa no MSN com um amigo francês)

yanninho diz:and bad time in the balisa for sporting
B diz:oh yeah
B diz:Why?
yanninho diz:because this goal keeper (Stojkovic) made a lot of frangos with nantes last year
B diz:he did?!
B diz:oh shit
yanninho diz:oh yes
B diz: :P

20.9.07

Fronteiras

Está comprovado que quando um grupo socialmente constituído (ainda que não pessoas) em torno de um objectivo comum vê goradas as suas expectativas, se vê obrigado a reivindicar um passado que, sabe-o à partida, não voltará. Como lamento estes adeptos.

Judas?


A dizer: Ronaldo marcou ao meu Sporting e pediu desculpa, perdão, seja o que for ao público de Alvalade. A imagem é tudo, as palmas são ainda mais. Porque Milão aplaudiu Rui Costa, estando aquele a perder. Ronaldo, quando é substituído, é ovacionado por Alvalade, um estádio quase repleto de adeptos do clube que ele fez inapelavelmente perdedor.

Poderá ser de novo a mística sportinguista, aquilo que nos faz mais do que somos, mas a verdade é que emociona qualquer pessoa. E não, isto não acontece em outros estádios.

O que nos leva à questão Figo. Como já referi anteriormente, admirei-o, tanto, ou quis admirá-lo, tanto, durante uma década que se tornou, admito, uma crença cega e surda. E alguém me avisava, "olha que o Figo não é o que parece". Até àquele festejo do golo do Inter, em que me fez lembrar uma criancinha egoísta e arrogante que recebe mais um brinquedo mesmo que tenha sido roubado ao irmão de sangue. E isso não se desculpa.

O gesto do Ronaldo pode ter sido só uma questão estética, uma fotografia bonita, um momento de um rapazinho que sabemos vaidoso, mas que sempre pareceu fiel às suas origens. Mas numa altura em que nós sabemos, e acima de tudo ele também sabe, que depois de o Figo ter sido despromovido a persona non grata, os sportinguistas, mais do que nunca, precisavam de um novo referencial, eis que ele se disponibiliza para o pedestal. Alguém que estivesse lá fora, notório, conhecido, famoso, que representasse a honra, carisma, e carinho dos verdes. E oferece-se ele mesmo. Jogada estratégica? É possível. Mas ainda assim, no primeiro jogo em Alvalade da Liga dos Campeõs 2007/2008, que se cifrou por uma derrota, injusta, por 0-1 com um golo de Cristiano Ronaldo, formado na melhor escola de futebol da Europa, em cerca de dois ou três minutos, no total, foi demonstrado mais respeito e carinho que em 10 anos de carícias unilaterais a um jogador que nada fez para as merecer.
Uma nota: que não se misturem as águas. Não digo que o Ronaldo de um momento para o outro seja um sportinguista de primeira água, mas o que ficou ontem no relvado foi para além de dois momentos incríveis, um carinho, enorme, quente, e acima de tudo, recíproco. A ver vamos o que o tempo nos dirá. O que ficou ali, digamos, foi, por agora, um acordo de cavalheiros. E isso é suficiente.

P.S. Não quero comentar nem a recepção ao Nani, nem o caso do Mourinho. E apetecia-me ficar o dia inteiro a dizer maravilhas do Miguel Veloso e do Polga. Mas por agora chega, logo há mais.

18.9.07

Upgrade

Reparo que deixei de receber anúncios de “abortion pills” no spam do meu e-mail. Suponho que já haverá conhecimento amplamente disseminado sobre o referendo em Portugal.

17.9.07

Que bom que é!


Agora é que com os olhos arranjadinhos até já consigo ver as vacas do Parreiras ao longe. Antes eram só vultos.

14.9.07

Fiquem, vejem e depois voltaremos

Em Sherksten Shores.

Ode a uma semana plena de desportos diferentes, ou ao "espírito"

Dois inspectores do SEF suspeitos de legalizarem imigrantes a troco de favores sexuais

Muito bonito. No Ano Europeu da Igualdade, a conclusão a que se chega é exactamente igual à premissa inicial. Não parece ser uma questão de formação, não parece ser uma questão de direitos humanos, não parece ser uma questão de sensibilidade, não parece ser nada de nada. Resta saber se, a provar a culpabilidade dos dois inspectores em causa, será aplicada uma pena adequada e concordante não só em relação aos crimes em si, mas também ao momento que vivemos e sobre o qual funcionários do Estado têm responsabilidade acrescida.

Estórias do Bairro #2

Parece que foi ontem. Manual de boas e más práticas.

numa partida intensa e bem disputada no bairro, éramos os "pequenos" contra os "grandes", i.e., os putos contra os adultos, ou quase adultos, vá. O resultado? Totalmente desequilibrado, contra nós. Uma equipa construída de remendos, e remendados, ainda que jovens. Mais, a nossa equipa, em si, era desequilibrada. Referir, entre outros pormenores, que o nosso guarda-redes tinha qualquer coisa como 3 dioptrias em cada olho, e uma bola que fosse direita à baliza, e entrasse, só era percepcionada pelo campo de visão deste nosso companheiro quando se ouvisse o ruído da mesma a bater no fundo das redes e ele olhasse para trás. Ainda assim, com um gesto como que para simular a potência do remate que tinha resultado em golo e assim se pudesse desculpar, o moço ainda agitava os braços, numa tentativa ridiculamente utópica de parar uma bola há muito destinada ao seu propósito final. O golo.

Adiante. Como muitos dos "grandes" fumavam, a única coisa que nos podia safar era a rapidez própria da idade e da falta de peso excessivo. Faltavam dois minutos para o jogo acabar, e o resultado cingir-se-ia, digo eu, a uns 19-19.

À rasca, bem à rasquinha, lá nos íamos aguentando. Marcando um golito, sofrendo outro. Num pénalti, fui eu à baliza. Os meus amigos disseram nessa altura "quando o gajo for chutar, foge da baliza, pode ser que ele falhe". Não falhou. A baliza, digo. Já tinha eu dado os primeiros dois passos quando, no meu ouvido direito, ouço um estilhaço que me ia rebentar 23 vasos sanguíneos. E seria golo. Teria sido. Se durante esse percurso de fuga enlouquecida a bola, curiosamente, não me tivesse batido no calcanhar e saído para fora. Piúrsos, foi como eles ficaram.
"Cabrão do puto até a fugir da bola a defendeu!"

Com isto, faltava menos de um minuto para o jogo acabar, e o empate persistia. Até que veio a jogada suja. Numa falta que disso só teve o nome, soou o apito. O árbitro era o pai de um dos nossos. Enquanto os "grandes" se distraíam a discutir se era ou não falta com o senhor do apito, ou o senhor Álvaro, talvez, pegámos na bola e pusemo-la no local da infracção. O Gonçalo, dono e senhor do remate mais potente à altura, meteu-a lá dentro, na gaveta. A celebração veio depois, com uns Sumóis e Capri-Sonne frescos.

No bar do bairro, ainda no calor da partida, o senhor Álvaro lá se descaiu "Eh pá, os putos tinham que ganhar!". É mais ou menos a mesma coisa que o
Maradona diz. Se bem que aquilo não era um Campeonato do Mundo, era o nosso campeonato, ou, recorrendo ao lugar-comum, era o campeonato do nosso mundo. Não sei se isso teve influência no nosso carácter. Se não houve algo ali, foi espírito desportivo. Mas que ainda hoje nos orgulhamos dessa vitória, orgulhamos. Nem mais Maradona, nem mais!

10.9.07

Elixir para segunda-feira à tarde e a pedido de muitas famílias, apresento-vos a Gravesiña. Ver pela ordem recomendada.














Cinemateca

Acabei de adquirir um documentário japonês sobre Sá Morais.

9.9.07

Reforço

São 16:17 e ao intervalo da partida Portugal-Israel no Eurobasket, os lusos levam 12 pontos de vantagem. É a segunda participação da equipa nacional neste evento e conseguiram a proeza de sim, com a sorte e o acaso à mistura mas que sem os quais nada se atinge, atingir a segunda fase, estando neste momento a 25 minutos da segunda vitória. Força rapazes!

Daqui a 41 minutos entram em campo os "lobos" no primeiro mundial de Rugby de sempre em que conseguem participar. Não se pode pedir muito, apenas empenho e entrega.

No atletismo assistimos a uma nova vaga de talentos que ainda jovens já tantas alegrias nos deram.

Porque as pessoas também se educam para os desportos, é este o momento adequado para sentirmos que podemos ir para além do futebol. Tanto mais que no squash começamos a ter também figuras emergentes.


Foto: www.fifa.com

Sê benvindo na condição de campeão do Mundo de Sub-17

While it is every young footballer's dream to be blessed with talent and assured of a glittering future, it is even more flattering to be compared with one of your heroes. Nevertheless, there is a flip side to fame and recognition, as proven by the many young footballers who have been prematurely saddled with such complementary titles as 'the new Zidane', 'Pele' or 'Maradona'. At best, labels like these are a heavy burden to bear. At worst, they can have a damaging effect on a young footballer's career.

Nevertheless, a combination of immense ability and a strong character can help to keep a young player focused. One bright prospect lucky enough to have both these qualities is Nigeria's Rabiu Ibrahim. Aged just 16-and-a-half, the livewire midfielder's performances during Africa's showpiece youth tournament have earned him a reputation which extends far beyond the borders of Nigeria. Long known as 'Maradona' to his youth team pals, Rabiu is today considered by all of Nigeria as a worthy successor to none other than Augustine Jay-Jay Okocha. Admittedly the youngster has a few mountains to climb before he reaches the heights achieved by his celebrated predecessor, but his performances in the national shirt would suggest he has a glowing future ahead of him.

Aware of the expectations placed upon his shoulders, Rabiu is nonetheless ready to take up the challenge and fulfil the potential that so many people see in him. "My first goal is to help Nigeria win the FIFA U-17 World Cup in Korea," he states confidently, convinced of his team's pedigree. "Then, I'm going to work hard to try to become one of the best players in the world."

The midfield maestro, who was in sparkling form during the CAF U-17 Championship 2007 in Togo, has continued to impress his admirers back home right from day one of the FIFA U-17 World Cup Korea 2007. Spearheading the Nigerian charge in the game against France, the youngster led the opposition defenders a merry dance with his mazy runs and unexpected passes, even scoring the winning goal in a 2-1 win over Les Bleuets.

Rabiu was at his impudent best against Japan in the second Group D match. Despite not finding the net, he was involved in all of Nigeria's best moves. Spreading panic in the opposition rearguard with his incisive dribbles, blind passes and slide-rule passes, Rabiu was instrumental in helping Nigeria to a convincing 3-0 victory which ensured their qualification. Anxious to protect his prize asset ready for the knockout phase, Yemi Tella lined up a second-string team for the final group match against Haitil, resting a number of big names including the inspirational playmaker.

The Nigeria coach nevertheless delighted the spectators at Jeju stadium by giving his star midfielder a run-out for the final 25 minutes.

Getting the better of Jay-Jay
At 1.67m tall, Rabiu is one of the smaller members in the Nigeria U-17 squad. The Kano-born midfielder currently plays for FC Gateway in the Nigerian national championship, although his performances for the Golden Eaglets have already attracted the attention of European scouts. In fact, by the start of the FIFA U-17 World Cup, his club had received no less than 14 offers from other teams around the world. Despite interest from the likes of Real Madrid, Arsenal and Chelsea, he was eventually snapped up by Sporting Lisbon, who are waiting to whisk their new recruit off to their training academy once the curtain falls on Korea 2007.

Bertram Ekenwa, Rabiu's agent and guardian angel, justifies the decision to join Sporting by pointing out the club's reputation for developing young players. "He's a young lad who still needs to develop his talents and who will definitely become one of the best midfielders in the world," he explained on the day his protégé put pen to paper. "Sporting has one of the best youth development programmes in Europe and it will be easier for Rabiu to break into the first team, perhaps even the starting eleven, quite quickly." Former Lions Luis Figo, Cristiano Ronaldo and Nani would certainly all agree that at Sporting, age is no barrier to success.

The Sporting Lisbon supporters will have plenty of chances to marvel at the qualities which have earnt Rabiu favourable comparisons with Okocha. While he excels at one-touch football, his long-range passing is even better. A playmaker in the traditional mould, Rabiu has all the qualities of the great man: vision, precise passing, long-distance shooting and perfect technique. The Eaglets' young number ten even shows the same nonchalant style so typical of the former Bolton and Paris St Germain midfielder. During matches, Rabiu frequently treats spectators to an array of tricks including backheels, ball juggling and outrageous dummies, with varying degrees of success...



Comparto-te a dor

É mar que vem e não volta, revolta. É a gaivota que não mais é avistada. É um vento que sopra na cara com a humidade do mar vizinho, pequenas gotículas salgadas e pouco mais que isso. É ir subindo a rocha que cai pela falésia abaixo, é estar na escuridão e romper pelo calcário cansado, doente e dilacerado pela cimenteira enquanto os pinheiros o avistam cada vez mais próximo da submersão irremediável, irreversível. Pode ser, também, um vislumbre do que já foste e não mais poderás ser. Do que quiseste ser e não conseguiste, porque não és só tu, não foste só tu. É um saber-te vivo, saberes-te vivo, sabe-te bem o sal, o bulício, as vibrações estrondosas, o tumulto da incerteza. Vertem-se-te as lágrimas, verte-se-te o amor, verte-se-te o desejo e o enleio das paixões idas. Verteu-se-te a vida, por aí. Porque a beleza também definha.

8.9.07

Escutismo


Esta tarde fiz uma doação de 1 euro, um, para a realização do próximo acampamento do Corpo Nacional de Escutas Telefónicas.

Despertai

minha gente, despertai. Despertai com um corcel que troteia numa rua inundada de gente. Com um veículo policial que invariavelmente embate nas paredes de um tabuleiro e que imediatamente encontra um novo rumo. O choque redentor, o trilho salvador. Senti-vos desorientados com esse vigoroso ruído, com a simultaneidade paradoxal de uma manhã irreal, onde coexistem carros de polícia, flores, doçaria típica de Marco de Canavezes e chouriços e salpicões de Trás-os-Montes. Mas sobretudo, não o fazei depois uma agitada e bem regada noite, pois podeis confundir a feira com o pesadelo, o estímulo com a provocação, a incredulidade com a loucura.

3.9.07

Ainda agora começou

E já deu para ter um cheirinho do que aí vem.

Começa por termos três jornais que vergonhosamente se auto-intitulam desportivos e não passem de jornais futebolísticos (que ainda que adore o futebol e seja efectivamente o desporto-rei, ponto), tendenciosos e desprovidos de qualquer carácter justo e louvável que não fazem jus a pessoas (Nélson Évora e Vanessa Fernandes) que se e nos elevam a patamares inauditos. A injustiça gritante das primeiras páginas desses órgãos noticiosos não pode, não deve passar em claro. Quer-se dizer, pensar que não há ninguém no mundo inteiro melhor que uma determinada pessoa a praticar e competir numa determinada modalidade (no mundo inteiro) deveria querer dizer algo. Parabéns Vanessa, parabéns Nelson, são tremendos.

Depois, a bola propriamente dita. Pois é, ainda agora a época começou e já deu para ver umas quantas coisas. A título exemplificativo, que nada se alterou relativamente aos anos anteriores. Entre outros, a Académica continua perplexamente terrível, a União de Leiria treme que nem varas verdes cada vez que o FCP passa lá por casa (já não me lembro de terem jogado a sério contra os azuis) e que, já que falamos do FCP, o Quaresma devia ter sido expulso nos últimos 2 de 3 jogos que se realizaram no campeonato nacional com agressões nítidas. Portanto, até agora nada de novo. Ah, e já me ia esquecendo, um dos golos do Porto resulta de uma bola centrada de fora do campo, não sei se isso importa alguma coisa. Por isso, e considerações à parte, apesar de tudo não estou preocupado, vou apenas ter que pensar que de facto existe justiça divina.

O Leste da Europa. Fui lá uma vez. Trouxe 3 garrafas de vinho, 2 saquinhos de paprika, 800 fotos, 2 t-shirts e dois lápis com cabeças talhadas em madeira (muito giros, por acaso). Já o Sporting, que no passado nos presenteou com Balakov e Cherbakov (só assim de repente e se a memória não me falha que talento meu Deus, que talento…) este ano trouxe o Izmailov e o Vukcevic. Falemos:

O Izmailov já ganhou um lugar no meu coração. Um golo daqueles na Supertaça, ainda por cima contra o Porto, vale ouro. É lutador e quer mesmo singrar nos leões. Sê bem-vindo meu querido, abraço-te.

Agora outra dimensão, estou em crer, que o futebol do Sporting adquiriu com a contratação Vukcevic. É caso para dizer, minha nossa! Já tinha ficado iluminado com a simulação para o Derlei marcar contra a Académica, adicionado especiarias várias com que nos foi perfumando ao longo dessa partida. Floresceu com o Porto (a sua entrada trouxe novidade) e hoje consolidou com um brilhante cruzamento para o Levezinho a meter lá outra vez. Mas não é só o cruzamento, não é só a simulação, não é só um querer, não é só uma garra, é todo um jogo que se sente a vibrar naquelas pernas, uma vontade de vencer que não era comum no Sporting (pelo menos até à chegada do Paulo Bento). O pormenor? Quando, depois de uma falta descarada que envolveu agarrões, caneladas, pataços e afins por parte do jogador do Belenenses, Vukcevic ainda consegue ganhar a bola, sair com ela jogável (como gostam de dizer os comentadores) e o árbitro marca falta, esquecendo-se (convenientemente. Ou não) de uma coisa que se chama lei da vantagem. No seguimento, Vukcevic mostra o seu natural descontentamento (daí a vontade de vencer) e ainda consegue levar um amarelo. Começou a época.

Mais dois apontamentos. Um chama-se João Querido Manha e é comentador de futebol na TVI. Que é que aquilo ainda faz num canal público? Ah sim, esquecia-me, TVI. É sempre necessário o referencial.

Dois. Bem mais importante que o anterior. Ainda soltei uma lágrima com esta história do Antonio Puerta, jogador do Sevilla. Mas sincera mesmo, sem ponta de ironia. O costume, é por ser jogador de futebol que se desenvolve todo o mediatismo associado, tal como foi com o Marc Vivien-Foé, o Fehér, o Bruno Baião, todos os que tiveram esse azar (que descansem em paz) ao contrário de tantos e tantas que não têm uma palavra dita, ou escrita, sobre si. Sim, é verdade. Mas a história, não apenas a nossa, mas também as outras histórias, que inexoravelmente se coadunam por vezes com a nossa, são feitas e escritas por homens e mulheres extraordinários que surgem em momentos também eles irrepetíveis. O de Puerta, sei-o, foi contra o Schalke 04 (ao minuto 100, no ano centenário do Sevilla) na meia-final da Taça Uefa de há dois anos com um soberbo golo de pé esquerdo. Como essas coisas me marcam, achei que a melhor maneira de render homenagem a Puerta era, antes de me deitar no dia da sua morte, ver, e ouvir esse golo. Feito. Foi lindo, também, o abraço entre os presidentes do Sevilla e do Betis, bem como toda a homenagem que se lhe prestou na comunicação social espanhola (neste caso, diário Marca) e que está disponível aqui. Lindo, mesmo lindo.

Ao largo #3

"Está a ver? Você dobra aqui para pôr no envelope e depois descarta pelo picotado"

22.8.07

Estórias do Bairro #1

Próximos do Verão, num calor que já se pressentia e uma sede a apertar, o Sr. Coelho, cota assim para os seus cinquenta e poucos, com algum estilo e atitude, desafia o Paulito dos putos, que se encontrava de patins em linha: "Paulito, se desceres esta rampa ofereço-te uma coca-cola". O Paulito, esclareço, era talvez o mais traquina e psicologicamente instável daquele bairro. Com um sorriso maroto e uma atitude fogosa (para verem como isto funciona, a irmãzita dele, na altura com uns 6 anos, pegou num bom pedaço de ranhoca que lhe tinha saído do nariz e pôs-me a fugir dela, estaria eu nas 16 ou 17 primaveras. Uma situação assaz constrangedora, portanto)ele lá se aprontou. As nossas consciências diziam-nos "Avisa o Paulito para não descer, avisa o Paulito para não descer que é melhor, senão ele ainda se aleija". Mas deixemo-nos de rodeios. Todos sabíamos, a bem da risota geral, que a viagem do Paulito por aquela rampa abaixo (em cima dos patins, ou não) começou assim que o Sr. Coelho acabou a frase.
A rampa teria cerca de 10 metros, e era constituída por gravilha grossa, aguardando ainda um revestimento a cimento que a Comissão de Moradores tinha já pedido à Câmara.
Assim, usando, abusando e criando, talvez até, uma coragem que ao Paulito conhecíamos e fomentávamos (pelo menos naqueles minutos), lá vai ele, rampa abaixo. Todos ríamos quando ele partiu. Todos deixámos de rir quando ele se espalhou 3 vírgula qualquer coisa metro a seguir. Mas o Paulito, qual animal selvagem de orgulho ferido, desceu o resto da rampa, ainda que não de uma vez só.
A imagem final era assustadora. O sangue vertia de ambos os joelhos, testa, cotovelos e um pulso. O Paulito, com uma calma que só os futuros psicopatas conseguem ter, descalçou calmamente os seus patins em linha e subiu a rampa que tão duramente o tinha castigado perante os nossos olhares piedosos. coitado do Paulito. No entanto, uma vez chegado ao topo da mesma, são estas as primeiras palavras do traquina rapazola:
"Sr. Coelho, a minha Coca-Cola é fresca e com limão, se faz favor".

A primeira

Foi quando a avó, lavando a loiça no alguidar à sombra de uma oliveira, o deixou debaixo de uma mesa rodeada de cadeiras para ele não sair. E não saiu.

Notas de praia #2

A felicidade tem um nome: Restaurante Tonico, em Paredes da Vitória, Pataias (cerca de dez quilómetros a sul de São Pedro de Moel).

21.8.07

Notas de praia #1


A imagem tinha tudo para ser humorística, ou repugnante, se preferirem. O pai, barrigudo, muito, mesmo muito, cordão de oiro ao pescoço, os calções já por baixo do último pneu, o bigode farfalhudo, óculo de sol com lentes à campeão e um boné, talvez, das bombas da Galp da Baixa da Banheira. No fundo, alguém que, entre outros factores, há muito deixou de ver a ponta dos pés ostentando a posição erecta.


A mãe e os dois filhos, não das figuras que suscitam mais contemplação nos areais (à excepção de algum voyeurismo desviante), deitados a queimar, dormidos, dormentes quiçá, o bronze faz as pessoas mais bonitas, dizem. A aparência é tudo. Um dos rapazolas, seguindo as pegadas dos progenitores, com umas boas dez dezenas de Quilogramas das quais uma percentagem não inferior a 30% estaria claramente em excesso, ferrado, vermelho como o pimentão de horta, famosíssimo e inigualável tempero alentejano.


O outro petiz, com alguns dentes que não viam pasta dentífrica há, correcção, que nunca devem ter visto pasta dentífrica, também contemplativo, sonhador, sobre a toalha. Cabelos grandes, oleosos, num resquício qualquer de um grunge definhante com um puchinho a apanhá-los.


Por fim, a mãe. Orca. Grande. Parecia ter sido apanhada pelo acaso numa qualquer traineira e abandonada à sua sorte tendo dado à costa e, se efectivamente uma, teria honras nas notícias das oito. Orca deu à costa alentejana . Biólogo tenta descobrir razão do desnorte do animal. Provavelmente terá sido ferida por uma rede piscatória dedicada às sardinhas. Incorrigível. Inenarrável.

Posto isto, o volte-face.

O senhor ultra-bonacheirão levanta-se e observa companheira e filhos. Pára. Dois passos, uma observação atenta e cuidada com e sem óculos. Contemplação. Uma espreguiçadela e lá vai ele. Saco de praia da esposa, com estrelas do mar e peixinhos amarelos, saca do protector solar. Piz Buin factor 40. O que se segue foi, asseguro-vos, da maior ternura que já vi nas praias nacionais. Aliás, no território nacional. Vindo dos mais improváveis personagens.

Um a um, borrifou-os a todos com a protectora substância. Com cuidado, dedicação, devoção, a minha pele arrepiou-se, garanto. Os filhos, deitados na sonolência profunda nem pelo pulverizador deram. Mas este, o senhor mais velho, o pai, enquanto borrifava a mulher não se borrifava nela. E isto foi tudo.

Cabelo para o lado, borrifa as costas. Sobe o fecho do soutien, terno, delicioso. Psscchhht, psscchhhht. Baixa mais um pouco, chega ao fondoschiena. E agora? Terror, receio, temor. Viro-me para o lado e leio o jornal? Não, já agora deixa-me lá ficar mais um pouco, que se dane, não há-de ser assim tão terrível.

Nada, simplesmente nada. O acto mais singelamente belo que assisti num passado recente. Carinhosamente, o senhor baixa um pouco, ma non troppo, as cuequinhas (tamanho XXXL, possivelmente) da senhora, dobra-as para dentro, borrifa-a, volta a subir, cuidadosamente, e só no final, depois da família tratada com a segurança que um sol forte exige, toma ele próprio as devidas precauções.

Belo.