29.6.07

Volver



Desbaratinar

Ela foi perdida em casamento.

Frustração.

Os do post anterior juntamente com estes aqui em baixo foram os que mais me desiludiram nas últimas 24 horas. Ainda bem que o Sporting não joga hoje.

Tininho, meninos e meninas, tininho...

Em mais uma das minhas ultimamente frequentes incursões pela Loja do Cidadão, sou deparado com uma funcionária pública que, quando confrontada com as perguntas que lhe coloquei, um pouco desconexas e desconhecedoras (para não dizer analfabetas) sobre esse fenómeno que são os recibos verdes, responde do seguinte modo:

"tenha calma, que nós agora não podemos falar demais. Diga lá o que deseja (sempre muito atenciosa e laboriosa, verdade seja dita), eu digo-lhe o que tem que fazer e não falamos para além disto. É que com o que tem vindo a acontecer, nunca se sabe onde estão os ouvidos deles. Já viu o caso dos outros dois? Parece que voltámos ao passado."

Ainda quero acreditar que tudo está bem, que são retratos normais de um Estado de Direito, democrático, com as liberdades de expressão associadas e todo o resto. Mas no preciso dia em que sai uma notícia destas:"Directora de centro de saúde demitida por não retirar cartaz "jocoso" sobre Correia de Campos", eu estar a ler isto:

"Para o dizermos por outras palavras ainda: em todo o verdadeiro fascismo, encontramos sempre elementos que nos fazem dizer que "não se trata ainda de um fascismo total, que existem nele elementos contraditórios provenientes de tradições de esquerda ou do liberalismo"; todavia, este afastamento, esta distância diante do fantasma do "puro" fascismo é o fascismo propriamente dito. O "fascismo", tanto na sua ideologia como na sua prática, não é mais do que um certo princípio formal de distorção do antagonismo social, levando ao desdobrar-se de uma certa lógica do seu deslocamento através de uma combinação e de uma condensação de atitudes contraditórias." [Slavoj Žižek. 2004 (2006). Elogio da Intolerância. Lisboa: Relógio D'Água]

Isso sim, é que já parece bruxedo.

27.6.07

Shiny happy people*

Na vida, como no tablier do carro, todo o brilho se deveria conseguir com um pouco de spray.

*Não relacionado com a música dos REM.

Palavras-chave: inquérito, inspecção automóvel, expectoração (leia-se ixpectoração, p.f.).

Não gosto de entrar na paranóia generalizada sobre os EUA, particularmente na sua política externa, sistemas anti-mísseis, guerra no Iraque, Afeganistão, os media vergonhosos, McDonald's e multinacionais afins, nem em questões internas como o sistema prisional que acreditam tudo resolver, sheriffs implacáveis, cowboys arrogantes, cascavéis no deserto, Mustangs a percorrer a Route 66 e a NBA. Sendo estes dois últimos elementos as coisas boas que gostava de experimentar. Ah, e conseguiram também produzir os Beastie Boys e LCD Soundsystem.

Tenho para apresentar uma notícia razoável que me acalmou as ânsias de um dia que:

1- já me levou à inspecção com o carro tendo esperado ao lado de um homem dentro de um traumatizante Renault Super 5 azul-bebé-já-muito-desgastado que escarrava cá para fora ao mesmo ritmo da bateria dos Clap Your Hands Say Yeah superando o volume dos mesmos.

2-me levou a um balcão da Segurança Social à hora do almoço, privando-me do mesmo, para ouvir a resposta de que afinal não posso resolver aquele assunto naquela Segurança Social mas na da Loja do Cidadão.

3-estas histórias me deram tanto sistema nervoso que estou com uma dor de cabeça que nem posso.

Mas voltando aos EUA e assim deixando para trás o dia que me esgotou, ganhei algum alento ilustrado na malta nova desse país . E pelo que se vê, começam bem. Parabéns pessoal.

Habemus Pérola!

A casa mantém-se firme.

"I remember way back then when everything was true and when
We would have such a very good time such a fine time
Such a happy time
And I remember how we'd play simply waste the day away
Then we'd say nothing would come between us two dreamers"

25.6.07

Candidato a uma das sete maravilhas de Portugal

Eh pá, ou te calas imediatamente ou podes ir já pedindo a tua certidão de Óbidos!

24.6.07

4 (ponto dois)



São também os anos consecutivos nos quais o Sporting é campeão nacional de juvenis. Conclusão: vem aí mais uma grande fornada.

4 (ponto um)

São os anos passados desde que a blogosfera mudou. Parabéns grande amigo, colega e antropólogo.

E quem bate palmas...sou eu.

"Un juez de Gerona prohíbe la salida del país a una niña gambiana para evitar que le amputen el clítoris.
El padre de la menor fue quien presentó la denuncia"


O retrato de um problema que põe em confronto directo concepções (ocidentais) de direitos humanos e o exercício de práticas agressivas e, no meu ponto de vista, intoleráveis, de algumas culturas constitui (uma e outra vez) um chamariz para o rufar de tambores à volta de uma temática que não é nova e que incorpora em larga medida o conceito e interpretação de relativismo cultural. Tendo em conta posts magníficos sobre este assunto(e um em particular) que por aqui circulavam há já muito, muito tempo, não me sinto com autoridade de tecer descrições teóricas sobre o mesmo. Posso, no entanto, afirmar que não posso deixar de me sentir radiante por esta decisão do tribunal de Gerona pelas seguintes razões:

num momento primeiro, o catalisador, inesperado, constituído pelo facto de ter sido o pai da criança a apresentar a queixa. Não estou de modo algum a demonizar a mãe ou atribuir ao pai o epíteto de herói, mas é pisando os mesmo terrenos várias vezes que surgem caminhos, e este senhor merece vénias. Do (creio eu) fortíssimo conflito identitário entre marido, pai, e ser humano, saíram vencedores os últimos dois. E todos/as nós também. Se bem que por um lado está uma tradição cultural profundamente enraizada e muito difícil de combater, a antítese surgiu, talvez, por onde menos se esperava. Fico então muito feliz, sim, como homem e como ser humano.

Depois, em segundo lugar, bem, enquanto que por aqui se tomam decisões desta monta, em Espanha (que me perdoem aqueles nacionalistas à antiga que detestam os do lado de lá), que é um país que admiro, e muito, tomam-se decisões destas, sérias, responsáveis e competentes. Faço minhas as palavras do outro, levámos outra vez um banho.

21.6.07

Quero, mas quero mesmo...



...acreditar que não sei como, não sei quando, não sei porquê, vai funcionar.

p.s.1 peço desculpa pelo arranjo menos conseguido feito com o paint na linda camisola verde-e-branca, mas tinha mesmo que tirar o gajo dali (capa do jornal "A Bola").

p.s.2 para breve um post mais elaborado sobre este e outros assuntos relativos.



19.6.07

Obrigatório.

18.6.07

Incerção=Escravisação
















Este instantâneo, tirado na segunda-feira passada, contém , por si só, informação da mais alta relevância. Afiançar-vos que, nos últimos tempos, escritos deste género têm sido recorrentes nas paredes dos vários edifícios da Universidade de Coimbra. Ou são contra o sistema, ou são contra a polícia, ou são contra o governo, ou são contra a Universidade em si, ou são contra os praxistas, ou são contra a venda de Twix's, M&M's, Mars, Mil Folhas e Bolas de Berlim nos bares das faculdades, ou são contra o atentado que é o consumo de carne (de resto, muito bem retratado pelo Francisco), ou talvez, sei lá, contra o facto de se ver a bola na televisão pelos milhões que os jogadores ganham, e que é uma vergonha e tal, e é melhor ver não sei quantos filmes do Lars von Trier, cultiva-te pá! À frente do so-called edifício okupado aparece ainda na parede "Estudante, vende a tua capa e enforca-te". Material literário de primeira, portanto.

No entanto, acredito piamente que esta disseminação nada tem de casual. Há uns tempos (que não sei precisar quantos) um dos edifícios da Universidade foi brindado com uns "Okupas", ou, mais especificamente daquele tipo especial de "Okupas", uma grande freakalhada, aqueles do "tá-se bem, somos uns radicais assim muita malukos, até somos vegetarianos ou mesmo veganos (que isto é à séria!) e fumamos umas ganzas e assim e coiso e tal, e temos um cão rançoso e pulguento que apanhámos na rua (melhor ainda se for só com três patas, assim ainda é mais fixe porque lhe podemos chamar tripé e assim fazer um figuraço na rua)".

No meu entender, existe aqui uma configuração muito específica deste pessoal. E o primeiro é que falharam redondamente na apropriação de um modelo que vem de lá de fora. O movimento Okupa, por si, representa um ideal que, ainda que alguns não concordem com ele, é inteiramente válido e interessante, seja a nível político, activista ou social. Acredito nisso por alguns centros okupados que conheci e me deram essa visão. A criação e dinamização de workshops em várias áreas, com um carácter de confraternização, aprendizagem e envolvimento com a população ao seu redor constituem uma mais-valia que não é de desprezar.

Gostaria eu que fosse este o caso. Mas não é. Fazem um jantar vegano às quartas às 20h, conforme um dos dois lençóis estendidos pela parede anuncia. No outro consta o mote "vamos acabar com as prisões, deitar-lhes abaixo os muros e assim". É aqui que irremediavelmente se perde a paciência. Oh sim, como eu gostaria que libertassem todos os presos da cadeia de alta segurança de Coimbra. Oh sim, como eu sonho ter a nossa cidade plena de homicidas a cada esquina a quem poderíamos recorrer no caso de querermos limpar o sebo a alguém. Ou até um pedófilozinho, que agora até está na moda, ou qualquer coisa assim porreira e marada. Tantas ideias boas, e acabam a pintar paredes (ainda se fossem o Banksy) com os tais erros ortográficos que não lembram nem ao diabo.

. Já vi casas okupa com muita pinta, muita atitude e acima de tudo muito úteis no projecto que defendem, nos ideais que aspiram. Não é o caso. O que se tem visto são dizeres deste género, putos que pensam que isto é uma coisa super cool, que rejeitam a Universidade, rejeitam o sistema, rejeitam as leituras e acabam a escrever assim. Particularmente aos autores, recomendo este site.

p.s. Isto faz-me lembrar os tempos de faculdade, em que ao escrito na mesa "Praxistas tremam!", um grande amigo atira com "Porquê? A capa é tão quentinha!"

15.6.07

Oxímoros pela manhã:

Um metaleiro a conduzir um smart.

14.6.07

Eles não páram de nos surpreender. E se dúvidas havia acerca das verdadeiras intenções dos movimentos anti-escolha e facções associadas em Portugal, como no resto do mundo, é aqui e aqui que elas ficam claras como água. As recentes declarações do Vaticano contêm, no meu ponto de vista, as duas faces da moeda. Por um lado (e este é o ponto negativo) é que, muito provavelmente, a Amnistia Internacional (AI) vai mesmo deixar de receber alguma parte de financiamento, pois o poder tentacular do Vaticano é por demais evidente e as suas influências poderosas. Esta medida tem sido convictamente promovida pelos EUA (à excepção da Administração Clinton - volta, estás perdoado - e é conhecida como a "Global Gag Rule") que desde 1984 aplica algumas destas justificações aos seus cortes de financiamento a associações que de qualquer modo estejam ligadas ao aborto (ainda que apenas como último recurso, e sendo muitas delas as únicas a trabalhar no terreno em certas regiões do globo).


Ainda assim, o ponto positivo é precisamente o facto de o Vaticano, de uma vez por todas, revelar em todo o seu esplendor quais os princípios subjacentes e alicerces das campanhas dos movimentos anti-escolha, lá como cá. Já tínhamos tido um cheirinho disso mesmo neste belíssimo debate (será que foi mesmo um debate?!) aquando da campanha para o referendo ao aborto do 11 de Fevereiro último.

Pensava mesmo que o Vaticano já tinha ido suficientemente longe ao afirmar que não apoiava o uso do preservativo mesmo na sua utilização em programas de prevenção HIV/SIDA em países onde as taxas de incidência deste vírus atingem os 50%! Mas não, allways stretching the limits parece ser o seu móbil. Já foram ( outra vez) mais longe. Tendo em conta que a AI apenas (e realço este apenas) promove a liberdade de escolha das mulheres nos casos em que a saúde destas está em risco ou nos casos em que foram violados os mais básicos direitos humanos (violação ou incesto), o Vaticano demonstra, uma e outra vez, a sua incapacidade e oposição injustificáveis para lidar com os dramas quotidianos de milhões de mulheres por esse mundo fora que nada mais conhecem senão o sofrimento. Meus senhores, um pouco de seriedade por favor!

Um cisne de 6,5 na escala de Richter acabou de abalar um coraçãozito mole.

12.6.07

Aguardo. Espero. Desespero. "Mas será que se conseguem despachar?". Penso. Repenso. "Mas porque é que não fui ao Mac? MacBoa Tarde, Macqueria por favor um MacMenu BigMac com uma MacColaLight. MacMuito Obrigado. MacBoa Tarde". Pronto, e já estava. Mas não. Eurotrópico, há meia hora à espera de uma pizza enquanto marcha uma fatia de pão de alho. Ao meu lado, ela. A atirar para os 75 anos, bem pintada, desenvolta, toda fresca e com gripe. “Sabe, eu tenho um filho e uma filha que são médicos. Ele trabalha nos Covões e ela aqui ao lado, nos HUC. Digo-lhe mais, um outro filho meu está a fazer investigação no Rockefeller Institute. Aliás, acho que ganhou um Nobel há dois anos”.
“Aqui está a sua pizza, são 11 euros”. "Muito obrigado".

11.6.07

"Now here's a little story
I've got to tell
About three bad brothers you know so well
It started way back in history
With Adrock, M.C.A., and me - Mike D."


Agora sim!